A 19.ª TURMA DE MÉDICOS DA UFC (1971)

No início do ano letivo de 1966, após selecionados pelo Concurso de Habilitação da Universidade Federal do Ceará (UFC), (1) estávamos reunidos em um auditório da Faculdade de Medicina para a aula inaugural de nosso curso de graduação.
Éramos 100 alunos, em maior parte nascidos no Ceará, jovens e com a predominância numérica do gênero masculino. Começávamos ali a dar os primeiros passos de um projeto comum que nos conduziria à profissão médica.
Como estava previsto, escolhemos os representantes da turma para as várias cadeiras ou disciplinas do primeiro ano (Anatomia, Embriologia e Histologia, Bioquímica e Estatística) e também o nome pelo qual a nossa turma seria designada. Por aclamação, foi escolhido o nome Andreas Vesalius, que era o nome de Andries van Wezel em sua forma latinizada.
Vesalius, o médico belga que é considerado o "pai da anatomia moderna", foi o autor de "De Humani Corporis Fabrica", um atlas de anatomia humana publicado em 1543. Sobre a escolha de seu nome para a designação da turma, aparentemente pesou a circunstância de ser a Anatomia, dentre as cadeiras da grade do primeiro ano, justamente a que mais empolgava os novatos da Faculdade de Medicina. (2)
O médico de Bruxelas foi, sem dúvida, merecedor àquele momento de nossa homenagem. Seu nome contribuiu para manter a coesão da 19.ª Turma de Medicina da UFC, em torno de algumas propostas que foram surgindo. Como, por exemplo, fazer uma grande excursão em ônibus fretado, por seis Estados brasileiros até o Uruguai e a Argentina. (3)
Foram longos anos de estudos em que procuramos aprender com afinco as 39 disciplinas que os mestres nos ensinaram.
Quando chegamos ao internato, ao ensejo da preparação do convite de formatura, deliberou-se pela adoção do nome Prof. Carlos Chagas, como forma de prestigiar o renomado médico e cientista brasileiro.
Em dezembro de 1971, recebemos o grau de médico pela UFC. Devido a inclusões e exclusões de colegas por motivos diversos ao longo da graduação, contávamos 97 em nossa formatura. (4)
Notas ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
(1) O Concurso constou de cinco provas: Física, Química, Biologia, Português e Inglês. Surpreendendo os candidatos com o poema "Surpresa", o processo seletivo de 1966 ficou conhecido como o "Vestibular da Cecília Meireles".
(2) Outros "pais" como o histologista Malpighi, o bioquímico Krebs e o estatístico Gauss não eram páreos.
(3) A excursão foi realizada no término do quarto ano. Ao que parece, fomos a primeira turma da Faculdade "a passar ainda além de Taprobana".
(4) Data de colação de grau: 18/12/1971. Reitor: Dr. Walter de Moura Cantídio. Diretor: Dr. Walder Bezerra de Sá. Patrono: Prof. João Barbosa Pires de Paula Pessoa. Paraninfo: Prof. Raimundo Porfírio Sampaio Neto.
Web/Bibliografia---------------------------------------------------------------------------------------------------
http://www.ufc.br/memoria-da-ufc
http://www.ufc.br/noticias/noticias-de-2013/3587-historia-e-homenagens-abrem-comemoracoes-dos-65-anos-da-faculdade-de-medicina
http://www.medicina.ufc.br/wp-content/uploads/2019/10/alunos-egressos-1953-20171-min.pdf
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2011/07/medicos-formados-pela-ufc-em-1971-turma.html
Martins, JM. Faculdade de Medicina da UFC - Professores e Médicos Graduados. Edição do Cinquentenário (vol. III). Fortaleza: Imprensa Universitária, 2000. 304p.
Silva, MGCS (org.). Portal de memórias: Paulo Gurgel, um médico de letras. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2011. 200p. il. ISBN978-85-901665-4-5

2 comentários:

ana margarida arruda rosemberg disse...

Parabéns, Paulo! Texto bem escrito resgatando parte da história da medicina no Ceará.
Ana Margarida

Nelson Cunha disse...

Paulo, sinto falta de fotos daquela viagem que alcançou Buenos Aires. Um dos meus arrependimentos nessa vida é näo ter portado uma câmera naquela viagem. Minha memória desbota como velhas fotografias,mas uma lembrança marcante pra mim foi a elegância de Buenos Aires e de seus passantes. O Brasil em 1969 não rivalizava com os portenhos.Aquela Argentina acabou como pude constatar a última vez que estive lá. Não sei se ainda são feitas excursões como a nossa.
Aqui na UF de Minas preferem bailes suntuosos. Obrigado pela evocação.