ESPEDITO SELEIRO

"Trabalhar com o artesanato, com o couro, foi o que Deus me deu, e é o que eu acho bom. Não existe preguiça, falta de coragem, nem de memória para fazer o que eu quero. Toda a família está envolvida; neto, filho, sobrinho, primo, irmão; e a algum vizinho que está desempregado, não tendo o que fazer, eu digo: venha para o couro." (ES)
Nascido em 29 de outubro de 1939 em Arneiroz, cidade do Sertão dos Inhamuns, Espedito Veloso de Carvalho representa não apenas a cultura e a criatividade cearenses, mas também é figura importante do Nordeste brasileiro.
Toda a sabedoria que Espedito costura no couro até hoje começou a ser aprendida quando ele ainda era menino, na década de 1940. Ao ver o pai, Raimundo Pinto de Carvalho, que era vaqueiro e agricultor, fabricando selas e trajes para vaqueiros sertanejos (chapéu de couro, gibão, peitoral, luvas, entre outras peças), a criança brincava com os cortes que caiam no chão enquanto desenhava o próprio futuro. 
Foi no Cariri cearense que ele criou raízes e iniciou sua carreira como artesão,. tornando-se um dos principais marcos da cultura nordestina.
Considerado mestre, Espedito Seleiro é um artesão que carrega a tradição e a cultura em suas mãos. A habilidade de produzir peças em couros na região do Cariri, é reconhecida no Brasil e no mundo. Aos 85 anos, ele mantém viva uma arte que, tendo passado de geração em geração (desde seu tataravô), tornou-o um patrimônio vivo.
Mestre Espedito Seleiro ainda hoje mora em Nova Olinda, na região do Cariri, no Sul do Ceará.
Ele produz calçados, bolsas, chapéus, carteiras, bancos, poltronas, além das selas, gibões e outros elementos da cultura vaqueira.
É um difusor das tradições, histórias e identidade do Ceará, repassando seus saberes e experiências às novas gerações.
Principais títulos
● Mestre da Cultura (reconhecido pelo Governo do Ceará e pelo Ministério da Cultura)
● Medalha da Abolição
● Título de Notório Saber pela Universidade Estadual do Ceará
Em 16/01/2025, estivemos em Nova Olinda (a 543 quilômetros de distância de Fortaleza) na casa de Espedito Seleiro para conhecê-lo. A residência fica numa quadra onde estão também uma loja de  artefatos de couro, uma oficina escola (na qual ele supervisiona os trabalhos feitos por jovens artesãos) e o Museu sobre o Ciclo do Couro. Espedito foi muito gentil ao nos receber, logo nos convidando a que sentássemos para uma conversa. Enquanto descascava e comia vagarosamente umas laranjas, tivemos com ele um agradável bate-papo. Em que o mestre falou das origens e do aprendizado, de suas experiências com pigmentos, dos artistas que vestiram seus gibões (Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Alceu Valença e outros), da relação (amistosa) com aqueles que copiam sua arte, muita coisa. E, a um comentário que fiz sobre a presença de sua arte ilustrando o livro do pesquisador Paulo Vanderley, ele imediatamente apontou para um quadro na parede da sala com a imagem que ele criara para ilustrar a capa.
Da esquerda para a direita: José, Luciano, Paulo e Espedito Seleiro

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