O GUARDA-NOTURNO


Diogo Fontenelle

Companheiros de voo de avião, de vagão de trem,

Pessoas encontradas pelo caminho uma única vez.

O velho guia amazonense do cruzeiro para Belém,

A gentil camareira marroquina da pousada de Fez,

O taxista d’O Porto perdido no subúrbio de Lisboa,

A bela florista cigana argelina da ruela de Sevilha,

O garçom do bar do Bixiga na São Paulo da Garoa...

São visões de anônimos da minha alma andarilha,

Vozes e clarões da noite que destilo em romaria.

Sou o guarda-noturno do viver-sonhar em cigania.

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