"ANOS DOURADOS EM OTÁVIO BONFIM" (QUARTA CAPA DO LIVRO)

Baseada nas vivências e pesquisas do escritor Vicente de Paula Falcão Moraes, aqui temos a 2ª edição revista e ampliada de "Anos Dourados em Otávio Bonfim". A obra é um precioso repositório de relatos sobre o bairro de Otávio Bonfim, na qual o memorialista ajustou o foco das suas reminiscências para as décadas de 1950 e 60.
O ponto de partida é a Estação Ferroviária de Otávio Bonfim. Construída em 1922, tempos depois a Rede de Viação Cearense, homenageando o engenheiro Otávio Bonfim (foto), deu o nome deste funcionário à estação. Com o passar dos anos, por um processo de assimilação, moradores e frequentadores do bairro (oficialmente denominado de Farias Brito) passaram a chamar a região de Otávio Bonfim.
A estação não existe mais - no plano físico. Não há mais como cruzar aqueles trilhos urbanos, chegar ao saguão da estação e, após ouvir o toque característico do pequeno sino, tomar o trem das três (da madrugada) que levava o jovem aluno da Faculdade de Medicina da UFC para as merecidas férias no Sítio Catolé, em Senador Pompeu.
Também não há mais o Instituto Padre Anchieta, o Cine Familiar e o Nazaré, a fábrica Siqueira Gurgel nem o chamado time fabril, o Usina Ceará, e o Jardim Japonês. De formas diversas, o tempo foi dispersando as antigas turmas do bairro - com suas festas, corais, peças teatrais, quermesses, jogos, excursões e brincadeiras.
E sinto assim todo o meu peito se apertar, como disse o poeta .
No entanto, resistindo à voracidade de Cronos, o deus primordial do tempo, a Praça de Otávio Bonfim, as ruas, becos e vilas que compõem o bairro, e o seu ícone maior, a Igreja Nossa Senhora das Dores, onde o inesquecível Frei Teodoro exerceu grande parte do seu trabalho missionário, continuam como referências no tempo presente. E novas gerações zelam o legado.
O bairro a oeste do centro histórico de Fortaleza é peculiarmente pequeno na planta topográfica da cidade: um quilômetro quadrado de Otávio Bonfim a inserir-se timidamente em 315 quilômetros quadrados de Fortaleza. Mas, como recurso crucial, Otávio Bonfim conta com seus incansáveis historiadores (Vicente Moraes e Marcelo Gurgel) que, aquém dos anos dourados e além dos anos iluminados, certamente prosseguirão no afã de transformar em livros as histórias de sua/nossa gente.

Paulo Gurgel Carlos da Silva
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