JOSÉ GURGEL VALENTE

Meus avós Paulo Pimenta Coelho e Almerinda Gurgel Valente casaram-se, em 1927, em Senador Pompeu, Ceará, onde, inicialmente, montaram casa e passaram a residir. Em 1932, após um tempo de permanência em Morada Nova e em Pacatuba, no interior cearense, sempre em busca de melhores condições para criarem os filhos, vieram morar em Fortaleza. O casal teve sete filhos, dos quais seis foram criados, ainda que atingidos, precocemente, pela orfandade paterna em 17/02/1946, quando se encontravam entre seis e dezessete anos, portanto, todos menor de idade.
Para criar os filhos (Elza, Elda, Elma, Edson, Edmar e Espedito), minha avó Almerinda contou com a ajuda do seu prestativo irmão José Gurgel Valente, sócio-proprietário da firma Siqueira Gurgel, que atuou como um verdadeiro tutor dos sobrinhos. Ele pagava o colégio dos sobrinhos, ajudava na manutenção do Edson no Seminário de Ipuarana, empregava alguns deles na fábrica e ainda cedia , gratuitamente, a casa que lhes servia de moradia.
(extraído de: "Otávio Bonfim, das Dores e dos Amores")
José Gurgel Valente foi o quinto dos sete filhos (Francisco, Antônio, Claucidia, Almerinda, José, Raimundo e Olímpia) do casamento havido entre José Tristão Gurgel do Amaral e sua prima Maria Gurgel Valente. [Bloco 15]
Casado com Guiomar Aguiar Gurgel Valente, filha de Teófilo Gurgel Valente com Hermengarda Aguiar e irmã de José Teófilo Gurgel Valente (industrial da Usina Gurgel, casado com Odir Diogo, filha de Antonio Diogo de Siqueira, cujo nome é uma bandeira do pioneirismo industrial no Ceará), José Gurgel não teve filhos naturais com a esposa. [Bloco 13]
(extraído de: "Na Trilha do Passado")
É sobre este homem generoso, José Gurgel Valente, que eu quero me reportar nas próximas linhas.
Co-proprietário da Usina Gurgel (razão social Siqueira e Gurgel Ltda,), José Gurgel Valente tinha como sócios José Theóphilo Gurgel (Zequinha) e Eduardo Gurgel. Fundada em 1916, inicialmente como uma empresa têxtil, a Siqueira e Gurgel, após desfazer-se do "acervo têxtil", dedicou-se à produção de sabões e óleos vegetais. A mesa de trabalho do diretor José Gurgel ficava num espaçoso salão que ele compartilhava com vários funcionários da fábrica. Chamava a atenção a quantidade de carimbos que pendiam de um suporte em sua escrivaninha. Ele os usava a todo instante. Imagino que isso incluía carimbar os vales de operários aflitos com o salário que terminara antes do mês.
José Gurgel era conhecido pelo tratamento humanitário que dispensava a seus funcionários.
A casa em que ele morava, com Guiomar e a filha adotiva do casal, de nome Hermengarda, ficava no lado par da Bezerra de Menezes, após o cruzamento desta avenida com os trilhos da Rede Viação Cearense. Era uma casa bonita e confortável. Como a entrada principal da casa costumava estar fechada, o acesso a ela era feito por um portão lateral que dava para a rua Teófilo Gurgel. Nas vezes em que lá estive me deparei sempre com D. Guiomar a cuidar de suas plantas. E havia ainda umas araras que faziam um grande alarido nos poleiros. Em sua residência funciona hoje em dia uma loja da Normatel.
José Gurgel possuía uma chácara na Maraponga aonde ia diariamente. Ao voltar, parava a sua camionete dirigida por motorista particular em frente da casa de sua irmã, vovó Almerinda, para descarregar frutas, leite e outros gêneros alimentícios.
O sítio da Maraponga era dividido por uma estrada que é hoje a Avenida Godofredo Maciel. Uma das partes, aí pela década de 1970, foi desapropriada pelo governo do Estado do Ceará. Ele recebeu uma ninharia pela desapropriação, mas não quis "brigar com o governo", como tinha sido orientado. Em vez disso, resolveu lotear a parte que lhe restou do sítio. Os lotes foram um sucesso de venda, e eu mesmo comprei dois lotes. Na parte que foi desapropriada, o governo construiu a sede principal do Detran.
Tio Raimundinho, que vivia no sítio Catolé, em Senador Pompeu, periodicamente vinha a Fortaleza para cuidar da saúde. Nesta capital, sua primeira providência era visitar o abonado irmão. Deste vinha o adjutório para o que Raimundinho iria gastar com médicos, exames e remédios (embora no final sobrasse algum). Ele, Tia Olímpia e a negra Ventura, a fiel serviçal do sítio, eram sempre socorridos em suas privações por José Gurgel.
Mamãe conta que ele adquiriu um cabriolé, provavelmente fabricado no Rio de Janeiro, para que os Gurgel do sítio Catolé fossem à sede do município para as missas dominicais. Conduzido por Tio Raimundinho, o cabriolé era uma atração na cidade de Senador Pompeu.
Assim era esse grande homem chamado José Gurgel Valente.
http://www.sfiec.org.br/portalv2/images/SindTextil/PDF/OFiarEOTecer.pdf
http://www.siqueiragurgel.com.br/
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2017/04/outros-produtos-da-siqueira-gurgel.html
http://www.aratubaonline.com.br/2016/07/so-para-recordar-negrinha-do-pajeu.html

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