Em 1646, o distrito possuía apenas uma rua larga, quase uma praça, ladeada por casas simples, destacando-se ao final dela a Igreja de São Lourenço de Tejucupapo, de arquitetura jesuítica, como acontecia com as igrejas erguidas no início da colonização.
Naquele ano, os holandeses já haviam praticamente perdido o domínio, que durante algum tempo mantiveram sobre quase todo o território pernambucano e, como se encontravam cercados e necessitando desesperadamente de alimentos, cerca de 600 deles, saídos por mar do forte Orange, na ilha de Itamaracá, tentaram ocupar Tejucupapo, onde esperavam encontrar a farinha de mandioca e o caju que as circunstâncias do momento haviam transformado em produtos pelos quais valiam a pena arriscar-se em combate. Segundo os historiadores, eles escolheram justamente o domingo para realizar a investida porque era, nesse dia da semana, que os homens do vilarejo costumavam ir a Recife, a cavalo, para vender nas feiras da capital os produtos da pesca. Sendo assim, a localidade estaria menos protegida, acreditavam os holandeses.
Todavia, os holandeses frustraram-se em sua intenção porque, segundo alguns relatos, a informação de que se aproximavam iniciou a reação da pequena e valente população local que, tendo à frente quatro mulheres - Maria Camarão, Maria Quitéria, Maria Clara e Joaquina -, lutou bravamente contra os invasores, enquanto os poucos homens que haviam permanecido na localidade ocupavam-se em emboscar os assaltantes, atacando-os à bala e com paus, chuços (aguilhões) e roçadeiras. Os registros informam que elas ferveram água em tachos e panelas de barro, acrescentaram pimenta, e escondidas nas trincheiras que haviam cavado, atacavam os holandeses com a mistura jamais esperada por eles. Seus olhos eram os principais alvos, e a surpresa o melhor ataque. A batalha durou horas mas, naquele 24 de abril de 1646, as mulheres guerreiras do Tejucupapo saíram vitoriosas. (1)
Memorial em homenagem às Heroínas de Tejucupapo (3) |
"As mulheres de Bacurau miram-se no exemplo das heroínas de Tejucopapo, as destemidas que expulsaram, a pau e pedra, os holandeses que pretendiam saquear o vilarejo a 60 km do Recife, em 1646. Aí vemos Carmelita (Lia de Itamaracá), a matriarca que representa a utopia da água e da fartura da nação semiárida; Domingas (Sônia Braga), com sua blasfêmia alcoolizada e a valentia do cuidado rotineiro com o povo; a Teresa (Bárbara Colen) que retorna mais forte ainda... Sem falar na Deisy (Ingrid Trigueiro), que dá um tiro de escopeta ao melhor estilo Chigurh (Javier Barden) no faroeste americano Onde os fracos não têm vez (2007)." - Xico Sá (4)(1) Wiki/Batalha de Tejucupapo
(2) Uol/A Batalha de Tejucopapo
(3) mapio.net/pic/p-62737675 (imagem)
(4) Esta terra vai tornar-se uma imensa Bacurau, EL PAÍS Brasil
PS. As duas grafias (Tejucopapo e Tejucupapo) aparecem indistintamente nas várias fontes consultadas.
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