CORDILHEIRA DOS ANDES

14/11 - terça-feira
Em 1975, passei cinco dias em Bogotá, um dos quais reservei para conhecer a cidade de Villavicêncio, capital do departamento de Meta. Situada no sopé da Cordilheira dos Andes, a 90 quilômetros da capital colombiana, ir a Villavicêncio foi um agradável passeio feito em ônibus de linha, a partir de Bogotá. No estilo bate-pronto, indo e voltando no mesmo dia. Com a continuidade da excursão, ainda me aconteceu de sobrevoar os cumes nevados dos Andes em duas oportunidades: indo de Bogotá a Quito, onde passei três dias, e ao prosseguir a viagem de Quito para Lima.
Agora, retorno à Cordilheira, desta vez acompanhado de Elba, para a realização de um novo passeio andino. Um passeio panorâmico nos Andes Centrais chilenos, margeando o Rio Mapocho e com paradas previstas em Valle Nevado e Farellones.
Em linha reta, a distância entre o centro histórico de Santiago e o Valle Nevado é 32 quilômetros. No entanto, a subida de um local com 500 metros de altitude para outro situado na montanha, com 3.100 metros de altitude, faz com que a distância e o tempo de viagem se tornem bem maiores.  E a estrada de acesso, mesmo estando sem neve no atual período, requer boa experiência de quem dirige o veículo. É estreita e tem um total de 62 curvas íngremes e fechadas até chegar ao centro de esqui de Valle Nevado. E quem dirige também precisa tomar cuidado com os outros veículos que trafegam em sentido contrário e com os ciclistas de alta performance que pedalam pelo caminho. 
Elba, en el Valle Nevado (no muy cubierto de nieve) 
Por não estar no inverno, os equipamentos da estação de esqui de Valle Nevado não estavam funcionando. Apenas uma loja que vende roupas de inverno e acessórios para neve estava aberta a eventuais compradores. E seus hotéis também estavam fechados, embora os visitantes possam circular livremente pelas áreas comuns da estação. Condores foram vistos pousados em telhados de onde decolavam para os voos que eles fazem aproveitando as correntes aéreas. Parecem urubus crescidos, com os machos podendo ser identificados pelo anel de penas brancas que ostentam no pescoço, além de serem mais corpulentos do que as fêmeas.
No começo da tarde, conforme a hora combinada, retornamos à van que nos levaria a Farellones. Além de uma estação de esqui (também temporariamente fechada), existe no lugar um vilarejo. Com casas, escola e um pequeno comércio. No único restaurante de Farellones, almoçamos. Ou, pelo menos, tentamos fazê-lo. Pensem na qualidade da comida. Diante das minhas justas reclamações, a dona do estabelecimento aquiesceu em que eu não pagasse a propina (ora, esta é só sugerida no Chile).
Farellones e sua vizinha El Colorado são duas estações de neve perto da capital chilena. Muito antigas, foram desde sempre uma área de lazer para os amantes da natureza e dos esportes de inverno que viviam em Santiago – e que passaram a construir casas de fim de semana, e assim fizeram surgir estes dois vilarejos de montanha.
E a volta para Santiago, principalmente para o desespero de uma turista em pânico, pareceu mais demorada. Restou-me continuar vendo as florzinhas amarelas típicas da região que, contrastando com a cor cinza das  montanhas, chegavam a formar tapetes nas encostas, tal a quantidade delas; as minicachoeiras produzidas pelo degelo dos glaciares (que preparam o Rio Mapocho para sua passagem por Santiago, a caminho do Pacífico); e, à beira da estrada, uma raposa da tarde, hesitante entre fugir e se aproximar de nós (teríamos algum petisco para ela?).
(4 de 5)

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