PERFIL E LEGADO DO MÉDICO E ESCRITOR AIRTON MONTE

Do nascimento no Solar dos Monte, em 16 de maio de 1949, ao fim de seus dias, em 10 de setembro de 2012, em sua amada Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, onde Airton nasceu, viveu e morreu de amores, e à qual dedicou muitas de suas 4.500 crônicas, eis o testemunho sobre ele feito por Marcelo Gurgel:
Publicado ontem (23) em Vida e Arte (Cultura), do jornal O POVO, e postado hoje no Blog do Marcelo Gurgel.

1º ENCONTRO DE ESCRITORES CEARENSES EM BRASÍLIA


Prezados Amigos,
A Diretoria de Educação e Cultura da Casa do Ceará convida a todos os amigos, bem como a todos os seus familiares, para o 1º Encontro de Escritores Cearenses em Brasília, a realizar-se dia 21 de setembro próximo, sexta-feira, a partir das 18h00, em sua Sede na 910 Norte, com amplo estacionamento.
( http://www.facebook.com/events/145534658924033/)
Teremos apresentações musicais, coquetel e degustação da famosa cachaça “160”, elaborada para comemorar os 160 anos da Ypióca.
Tudo de graça para abrilhantar a noite da família brasiliense.
O coquetel terá comidas e bebidas típicas, incluídos no cardápio tapioquinha com carne do sol, caldos de jerimum e macaxeira, camarão empanado, vinho, uísque, cachaça do Ceará, refrigerante, água mineral, água de coco e cajuína e queijo de coalho com rapadura.
A presença de V.Sas. muito nos honrará,
Fernando Gurgel Filho
Diretor de Educação e Cultura da Casa do Ceará em Brasília

MEMORIAL À ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS

Este Memorial foi composto, especialmente, para lastrear a inscrição do candidato Marcelo Gurgel Carlos da Silva, à vaga, recentemente aberta, na Academia Cearense de Letras (ACL). No seu conjunto, estão assinalados, com fidedignidade, os mais importantes feitos de sua vida, com o foco maior em sua atividade cultural. Dessa forma, a maioria dos títulos, conectados à sua formação médica e à sua atuação científica, foi excluída deste documento. Aqui, portanto, estão relacionados os frutos do fazer literário de Marcelo Gurgel, expressos principalmente em ensaios, crônicas e discursos.
O Memorial divide-se em três partes:
Parte I - APRECIAÇÃO ENDÓGENA com Proposição, Resenha do Memorial, Sinopse do Curriculum Vitae, Resumé do Currículo Lattes, Títulos Quantificados, Resumos de Livros Selecionados, Produção Científica e Trabalhos Publicados, Produção Cultural e Divulgação Pública e Discursos Escritos.
Parte II - APRECIAÇÃO EXÓGENA  com Prêmios e Distinções, Depoimentos Esparsos e Apreciação Biográfica Crítica.
Parte III - APÊNDICES E ANEXOS com Mini DVD, Curriculum Vitae em PDF, Textos Selecionados (10) em PDF e Multimídia Diversa (slides e audiovisual).
Com 216 páginas e ilustrado, este Memorial foi editado pelo autor em 2012. A sua tiragem foi limitada a 50 exemplares por se destinar especialmente aos Membros da ACL.

MEMÓRIA - O PARCEIRO AIRTON MONTE

por Paulo Gurgel
Conheci-o primeiro de ouvir falar. Amigos em comum, frequentadores do "Pombo Cheio", no Parque Araxá, davam-me notícia da existência de um certo Airton Monte, grande apreciador da MPB e que também frequentava o bar. O "Pombo Cheio" era um dos meus pontos favoritos para espairecer e me relaxar das canseiras da Faculdade de Medicina. Naquele local, quase sempre eu estava com Cláudio Costa, violonista da pesada e que inclusive morava perto do bar. Mas não coincidiu, nenhuma vez, de sermos Airton e eu por lá apresentados.
Tampouco na própria Faculdade de Medicina da UFC, onde fomos contemporâneos. Pode ter acontecido o nosso primeiro contato em uma das tertúlias literárias do Grupo Siriará de Literatura, do qual Airton fez parte. Ou, por ocasião dos preparativos para a edição do "Verdeversos", uma coletânea de poesias publicada em 1980. Os coautores do livro nos reuníamos no auditório do então Centro Médico Cearense, a entidade que promoveu a publicação.
Certamente não se deu em função das reuniões havidas para a publicação do "Arsenal de Literatura", cujo número de estreia saiu com um texto meu. Airton Monte fazia parte do conselho editorial da pequena (e efêmera) revista.
Na década de 1980, passamos a nos encontrar com grande frequência nas festas de lançamentos de livros e nos points etílico-culturais da cidade, dentre estes o Estoril. Quando José Alcides Pinto fez a famosa festa para comemorar a aquisição de um piano, em que acompanhei ao violão alguns solos do poeta-flautista Roberto Pontes, lá estávamos Airton e eu. E assim por diante.
No primeiro semestre de 1981, apresentei  um de seus livros de poesias, "Memórias de Botequim", num lançamento feito no Centro de Estudos do Hospital de Messejana. Posteriormente, esse discurso de apresentação do livro foi publicado no informativo "A Ferragista", sob o título de uma "Apreciação Literária sobre Memórias de Botequim".
Numa tarde, fui à residência de Airton. Havia me prometido a doação de um livro por mim longamente procurado, o "Roda Viva", do Chico Buarque. "Desde que o localizasse em casa", disse-me (o livro e não o autor, bem entendido). Por alguma estranha razão, eu colecionava os livros escritos pelo Chico, embora não fizesse o mesmo com relação a seus discos. (Digo estranha razão, porque sempre fui um fã de carteirinha do Chico compositor.) Para sorte minha, o "Roda Viva" foi encontrado. E retribuí a sua cortesia com outro livro do Chico, repetido em minha coleção.
Airton morava num beco. Na continuação da rua Dom Jerônimo, o que fazia dele cidadão do Benfica e cidadão honorário do Otávio Bonfim. Em sua modesta casa havia livros e discos em grandes quantidades. Mas a sorte maior estava por vir.
Estávamos conversando, sentados em cadeiras postadas à frente de sua casa, quando uma moça e um violão apareceram. A moça chamava-se Idalina e o violão era o instrumento de suas primeiras composições. Cantava divinamente, era bonita e também morava no beco de Airton.
Aproveitei a oportunidade para mostrar a ambos algumas canções de minha autoria. Uma delas, ainda sem letra, saiu daquela incômoda situação em um par de horas. Compusemos os três a letra de "Angra de Desejos", que viria a ser classificada para o Festival Crédimus da Canção, em Fortaleza.
Procurando conferir a letra de "Angra de Desejos", que vai ser o motivo de uma outra crônica, encontrei também a de "Sabe Quem Dançou?". E sabe quem não se lembrava mais dela? Eu mesmo, que compus com Airton esta segunda e esquecida canção. Permeada de palavras francesas, esta letra certamente vai ficar para a posteridade. Quanto à música, recusa-se a sair dos arquivos da memória.
Abandonei há tempos a boêmia. Mas tenho acompanhado a carreira literária do amigo e colega Antonio Airton Machado Monte, nas folhas de "O Povo". E tenho tomado conhecimento, através de meu irmão Marcelo, da gravidade da doença que aflige atualmente o grande cronista. Levando-o a afastar-se do que ele mais gosta de fazer.
E, por isso, é que há muito tempo eu não escuto aquele grito com que ele me saudava, quando nos avistávamos:
- PARCEIRO!!!
(reproduzido no Blog do Marcelo Gurgel)
02/03/2021 - Atualizando ...

PIRENÓPOLIS - GO

Pirenópolis é um lugar mágico, sinônimo de paz e tranquilidade. Respira-se bem-estar quando se anda por suas ruas de pedras iluminadas a lampiões coloniais, ressaltando a beleza arquitetônica do casario preservado; quando se come de sua cozinha regional, que guarda antigas e saborosas receitas; e quando se conhece a prosa cordial de seus moradores.
Fundada pelos bandeirantes no século 18, e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Pirenópolis constitui um dos mais ricos acervos patrimoniais do Centro-Oeste.
Perto de Brasília (150 km) e Goiânia (120 km), a cidade se localiza no sopé da Serra dos Pirineus, Goiás. Segundo a tradição local, a serra recebeu o nome de Pireneus por haver na região imigrantes espanhóis que, por saudosismo ou por encontrar alguma semelhança com a cadeia de montanhas situada entre Espanha e França, deram então o mesmo nome a esta serra goiana.
"Piri", como é carinhosamente chamada por seus visitantes, nos leva a uma viagem ao passado. A cidade é conhecida pela Festa do Divino, trazida à região pelos jesuítas portugueses para atrair negros e índios ao cristianismo, a qual atualmente mescla festejos divinos e profanos, e pelas Cavalhadas, jogos medievais, também de origem portuguesa, que duram três dias e simbolizam a luta entre os cristãos e os mouros, muçulmanos que invadiram a Península Ibérica.
É nesta mesma Pirenópolis que muitos aventureiros e apaixonados por esportes se divertem. Sua natureza exuberante, seus rios e cachoeiras e suas formações rochosas proporcionam a prática de esportes radicais, como rapel, mountain bike, trekking e muitos outros.
O município dispõe de uma eficiente estrutura turística. Representada por pousadas charmosas e aconchegantes, variados restaurantes, ruas dedicada ao lazer, receptivos organizados para passeios ecológicos e de aventuras, aeroporto e rodoviária, lan houses e centros de atendimento aos turistas.
Além do turismo, outras fontes econômicas de Pirenópolis são as pedreiras (de quartzito, principalmente), localizadas nos arredores do município, o artesanato de prata e de pedras semipreciosas, cujos produtos são comercializados em lojas, feiras, ateliês e galerias, e a arte da tecelagem.
O município tem atualmente cerca de 23 mil habitantes.
Para saber mais...
www.pirenopolis.go.gov.br


Memória do passeio
Período: 23 e 24 de agosto / Ônibus da Viação Goianésia / Percurso Brasília - Pirenópolis - Brasília / Cidades intermediárias: Águas Lindas, Cocalzinho e Corumbá de Goiás / Hospedagem: Pousada Imperial (centro de Pirenópolis) / Pontos turísticos: Theatro de Pyrenópolis, Cine Pirineus, Museu das Cavalhadas, Museu do Divino e Ponte sobre o Rio das Almas / Curiosidade: um lobo guará cruzou à frente do ônibus na viagem de volta.
Comentário
Paulo,
A arquitetura de Pirenópolis lembra demais a da cidade de Goiás, mas aparentemente é mais preservada e simpática.
Roberto Marques

CASAMENTO EM BRASÍLIA

A cerimônia religiosa do casamento de Michelle e Rodrigo, filhos de José Eugenio de Carvalho Júnior e Márcia Gomes de Carvalho e de Antonio Pinto Macedo e Eliane Pinto Macedo, será celebrada hoje (25), às 20h30, na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Lago Sul. Em seguida, os recém-casados receberão os cumprimentos no Clube Naval de Brasília.
Esta nota e a anterior foram também divulgadas em Brasília pelo jornal da Casa do Ceará.

BRASÍLIA E PIRENÓPOLIS

Hoje, 23 de agosto, Elba Macedo e eu estamos viajando a Brasília para assistir ao casamento religioso de Michelle e Rodrigo, que é sobrinho de Elba. Nossa filha Natália e seu noivo Rodrigo também seguem para Brasília, amanhã.
No dia 25, o Brigadeiro Antônio Pinto e sua esposa Eliane, pais do casante Rodrigo Macedo, receberão em sua residência para um jantar de boas-vindas o clã Pinto Macedo, do Ceará.
O enlace nupcial acontecerá na noite de 26.
Antes dos compromissos previstos, aproveitarei para conhecer a histórica cidade goiana de Pirenópolis.

IRMÃO ABDON

Esta foto não foi localizada a tempo de entrar no livro “Portal de Memórias”. Realizada no pátio do Colégio Cearense Sagrado Coração, mostra o Ir. Abdon com os alunos da turma de ginasianos que ele à época regia.
De naturalidade francesa, anos depois o bom e velho irmão marista teria a morte trágica no poço de um elevador do prédio anexo ao colégio, no qual vinha funcionando a Faculdade Católica do Ceará.
Era notória sua aversão ao comunismo. Apenas para nos ensinar se o mês tem 30 ou 31 dias, é que Abdon fechava a mão. Como fazem os comunistas, desculpando-se assim.
Não sei precisar o ano desta foto. Mas imagino que tenha sido feita em 6 de junho, o dia em que os maristas comemoram a data de nascimento do Padre Marcelino Champagnat, o fundador da ordem. O mesmo dia em que eu também completo anos. Uma então proveitosa coincidência, apesar do delay de 159 anos.
Sou o terceiro da esquerda para a direita, na primeira fila. Outros que também estão na fotografia: Roberto Misici, Roberto Bruno, Pedro Rodolfo, Fernando Dall'Olio, Gustavo Silva, Fernando Bezerra, os irmãos Mesquita.
Não sei declinar os nomes dos demais. Sou memorialista, mas nem tanto.
P.S. Aceita-se ajuda para identificar aqueles que não foram acima citados.
Paulo Gurgel


Site relacionado: www.exalunos.com

A LINHA GRANJA PARAÍSO

Nas décadas de 1960 e seguintes, Granja Paraíso foi o nome de uma linha de ônibus em Fortaleza.
(Não sei por que a linha era assim designada: um pequeno bairro que a expansão de outros bairros suprimiu? uma referência local que desapareceu sem deixar rastros?).
Lembro-me de que os ônibus dessa linha percorriam os primeiros quarteirões da Avenida Bezerra de Menezes, faziam o retorno em frente ao 3º Distrito Policial (antes do cruzamento da artéria com os trilhos da RVC, a "Rapariga Velha Cansada"), prosseguiam pela Rua Dom Jerônimo até a Avenida Jovita Feitosa, de onde continuavam a rota por algumas ruas do Parque Araxá. O fim da linha era na Rua Ana Néri, no bairro Rodolfo Teófilo.
Era uma "mão na roda" para alguns de nós, acadêmicos de medicina, que residíamos no bairro de Otávio Bonfim e adjacências, e estudávamos na Faculdade de Medicina em Rodolfo Teófilo, antigo Porangabuçu. Sem estes ônibus teríamos que fazer um demorado percurso alternativo utilizando-nos de veículos de outras linhas.
Fui um passageiro diário desses ônibus da empresa Santa Cecília durante 7 anos. A partir de 1965, quando me preparava para o vestibular no "cursinho" do Diretório Acadêmico XII de Maio e, de 1966 a 1971, como aluno da Faculdade de Medicina.Carlos Maurício (da turma de 1971), que morava no vizinho Parque Araxá, também pegava esses ônibus com o mesmo objetivo.
Outros colegas da turma de 1971 recorriam a ônibus que faziam trajetos pelos bairros em que eles moravam. Alguns, que possuíam automóveis, obviamente utilizavam-se destes meios de transporte, ajudando os colegas com a carona solidária. Por diversas vezes, contei com os préstimos do Álvaro e do Queiroz para ir à Faculdade.
E vêm-me à lembrança os nomes de outros acadêmicos de medicina que também foram usuários da linha Granja Paraíso: Franco Magalhães (da turma de 1969); Breno, Ana Comaru e Emilson (da turma de 1970); Francisco Dario e Maria Gurgel (da turma de 1972); e Waldemiro Carvalho (da turma de 1973). De 1972 a 1977, período em que foi acadêmico de medicina, o meu irmão Marcelo Gurgel também dependeu da linha Granja Paraíso para ir e vir da Faculdade.
Segundo Antônio Azevedo, empresário do setor de coletivos urbanos em Fortaleza, o motivo que levou à extinção de linhas como a Granja Paraíso foi o surgimento de grandes avenidas em Fortaleza, como a José Bastos, e o alargamento de outras, como a Jovita Feitosa, que fizeram com que os transportes coletivos se concentrassem nelas.
CAIO "Bossa Nova", prata, da Linha "Granja Paraíso", no final dos anos 1960. CAIO (Companhia Americana Industrial de Ônibus), o fabricante que produzia esse tipo de carroceria para a Mercedes-Benz, e "Bossa Nova", por influência do movimento que modernizou o samba. Crédito desta fotografia a Santos Souza.

MÉDICOS CEARENSES NA ABRAMES

CONVITE
A Academia Brasileira de Médicos Escritores convida para a posse dos novos Acadêmicos Titulares na V Reunião Literária da Abrames 2012, no dia 3 de agosto de 2012 (hoje), às 18h, no auditório do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ).
Tomarão posse o Dr. José Maria  Chaves - CE, na Cadeira nº 3 - Patrono José Antonio de Abreu Fialho, quando será saudado pelo Ac. Marco Aurélio Baggio - MG, e o Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva - CE, na Cadeira nº 38 - Patrono João Peregrino Junior, saudado pelo Ac. Paulo Cesar Alves Carneiro - CE.
Esperamos contar com vossa presença.
Ac. Juçara Regina Viégas Valverde, presidente da Abames
Endereço do CREMERJ:
Praia do Botafogo, 228, loja 119b - Rio de Janeiro - RJ.
Tel. 3184-7050

CASAMENTO. ANDREAS E MIRNA

Convite
É com muito prazer que convidamos para a cerimônia do nosso casamento, a realizar-se às 9h40 do dia 31 de julho de 2012, em Standesamt in Heidelberg Rathaus, Marltplatz 10, Heidelberg, Alemanha.
Com carinho,
Andreas e Mirna.
31/07/2012 - Atualizando...
Mensagem
Andreas e Mirna,
Neste momento em que vocês assumem o compromisso de serem felizes juntos, só podemos desejar que essa felicidade se realize plenamente e que, com o passar dos anos, sempre mais se confirme o amor que une vocês.
04/08/2012 - Atualizando...
Andreas e Mirna: recém-casados na Alemanha

PESAR POR DR. ANDRÉ STUDART GURGEL

Marcelo Gurgel Carlos da Silva
É com intenso pesar que registro aqui o falecimento ontem à noite, 27 de julho de 2012, do Dr. ANDRÉ STUDART GURGEL DE OLIVEIRA, advogado e funcionário do DNOCS. Era filho do Dr. Adbeel Gees de Oliveira, veterinário aposentado, e da professora Elsie Studart Gurgel de Oliveira, uma grande amiga com quem trabalhamos no Instituto do Câncer do Ceará, desde 1990.
Eu o conheci há mais de vinte, como um recém-formado causídico, e, em que pese a sua juventude, já demonstrava ele um grande saber jurídico, porquanto era um dedicado estudioso do Direito, qualidade que brotaria em suas bem cuidadas petições.
Homem de vasta cultura, cultor das letras, manejava a pena, com invejável apuro e muita sensibilidade, produzindo, principalmente, crônicas e poemas, divulgados em diferentes veículos de comunicação.
Dotado de um imenso fervor religioso, apreciava excursionar por locais sagrados do cristianismo, visitando santuários católicos, situados na Europa e no Oriente Médio.
O infausto acontecimento enluta a família STUDART GURGEL DE OLIVEIRA e entristece os tantos amigos com os quais esse clã familiar mantinha relacionamento.
André Studart deixa a esposa Rejane e uma filha, a Marcela, acadêmica de Direito, que decidira abraçar a mesma carreira do seu amado pai.
Comovido, apresento minhas condolências aos seus pais, Adbeel e Elsie, aos seus irmãos Adbeel Filho, Alexandre, Adriano, Angelina e Igor, e à sua esposa Rejane e à filha Marcela.
O corpo do Dr. André Studart Gurgel de Oliveira está sendo velado no Cemitério Jardim Metropolitano, onde será sepultado às 10 horas da manhã de hoje (28/07/12).
Aqui também externo minhas condolências à família STUDART GURGEL DE OLIVEIRA, especialmente à estimada professora Elsie, genitora deste grande ser humano que foi Dr. André. PGCS

APROVAÇÃO DE NATÁLIA NA OAB - CE

A jovem Natália de Macedo Gurgel, aluna do Curso de Direito da UNIFOR, foi aprovada para a OAB Ceará.
A Natália,
Pela dedicação, constância e seriedade com que você sempre conduziu seus estudos, já antevíamos este resultado. E ficamos felicíssimos com a informação de que você foi bem-sucedida.
Comemore com moderação.
Paulo e Elba, seus pais
Comentários
Parabéns! Natália merece.
Mirna
Parabéns para a Natália. Paulo, dê um PC de presente a ela.
Marcelo
Não, não é mesmo surpresa o resultado. A Natália mantem a tradição da família, iniciada com o nosso pai Luiz Carlos da Silva. E ela brilhará, como os demais que se dedicam à advocacia com amor à justiça, seriedade e respeito ao próximo. Um grande abraço.
Márcia, Nando, Larissa, Vanessa e Melissa
Parabenizo a Natália pela aprovação na OAB e orgulho-me de ter mais uma sobrinha seguindo as pegadas do Silva.
Edmar
Natália (que já tem o seu PC) agradecerá estas mensagens em sua página no Facebook.
Paulo

OFICIAIS MÉDICOS DO EXÉRCITO DA TURMA DE 1972

PORTARIA MINISTERIAL N.° 1976, DE 25 DE DEZEMBRO DE 1975
O Ministro de Estado do Exército, de acordo com (...) resolve,
Promover, por antiguidade, aos postos de Capitão Médico, a contar de 25 de dezembro de 1975, os seguintes Primeiros-Tenentes Médicos:
Júlio de Siqueira Abadia
Ilco Antonio de Avila
Antônio Santos de Araújo
Paulo Gurgel Carlos da Silva
Renato Breno Müller
Edno Miranda
Helio Gross Filho
Rubens Carlos Silveira
Raimundo Pereira de Queiroz Filho
Carlos Alberto Fontoura Freire
Alinor Olímpio da Silva
Alinor Antonio da Costa
José Maria Cabral
Edmundo Pereira de Araújo
Manoel Olimpio Holvorcen Antunes
Mauro Cavalcante Mesquita
Manoel Martins Lopes
Francisco Valdenor Barbosa
João de Souza Pinheiro
Ivanir José Piovesan Librelotto
Antonio Dias de Araújo
Alfredo Pereira da Costa
João Salustiano Lyra
Nelson Rocha de Almeida
Alberto Tauhata
Carlos Alberto Gonçalves
Reginaldo Daltro Filho
Edson Stravalli da Costa
Antonio Bonilha
José Abud Elias
Fernando Ferreira Pinto Guedes
Carlos Alberto Silveira Kutscher
José Fortunato Branco Bandeira
George Washington Galvão Nogueira
Antonio Fabiano Rodrigues de Souza
Raimundo Ozildo Rocha de Aragão
Jefferson Volnel de Mattos
José Jorge
Azemilkos Trajano Monteiro
Roberto Nicolay Roeder
Adalmir Morais Carneiro
Milton Braz Pagani
Marcos Serruya
Alfredo da Silva Paes
Vicente Gibeiro
Ian Phidias Rocha Bezerra
Gilberto Von Kossel
Pedro Ramiro do Nascimento
José Flávio Glacominl
Adahir Ferreira
Jarbas Galvão de Araújo
Antonio Leite Fernandes
Francisco das Chagas Wanderley Rebouças
Ronaldo Roberto Delgado
José Ricardo Martins Ribeiro
José Lúcio Ferraz de Abreu
Antonio Carlos Silva Peixoto
Paulo Renato de Farias Porto
Benjamin Ramos
Altair da Silva Moraes
Ocienofre Ferreira Lobo
Evaldo Carneiro Nogueira
Nelson Francelino
Edgard do Sul Ferreira Filho
Sérgio Guaracy de Castro Xavier
André Luiz Almeida da Silva
Sérgio Benedito
Altair Soares Ferreira
Emanuel Antunes de Almeida Mendes
Cícero Alves da Silva
Luiz Carlos Viola da Silveira
Petrucio Pereira de Magalhães
Gileno Moncorvo de Oliveira
Bertoldo Elias Alves dos Santos
Nilberto Fonseca
Décio Deforme da Cunha
Raul Greenhalgh Garcia.
Isidoro Cobra dos Santos
Nota - Não sendo possível obter, até o momento, a relação completa dos nomes dos médicos que concluíram o Curso de Formação de Oficial Médico (CFOM), em 1972, pela Escola de Saúde do Exército (ESEx), aqui publicamos a relação daqueles que foram promovidos a Capitão Médico, por antiguidade, em 1975 (Fonte: DOU). Por não terem sido promovidos em 1975, cerca de 20 Primeiros-Tenentes Médicos, da turma de 1972, não constam da relação acima.

BAIXARIAS

Fotografia de Roberto Sabadia
Baixo no tipo físico e, como se isso não bastasse, fui um dos baixos do Coral Universitário em 1971.
Sob a regência do maestro Orlando Leite, nos reuníamos aos sábados, à tarde, no Conservatório de Música Alberto Nepomuceno (foto). E ensaiávamos peças folclóricas e do cancioneiro popular, enquanto esperávamos o dia em que iríamos encantar o público.
Era 1971: o ano do meu internato na Faculdade de Medicina! Atividades nos dois turnos, rodízio nas várias clínica e plantões. Além disso, responsabilidades extracurriculares em dois hospitais da cidade. Parecia improvável que, com tantos compromissos, eu pudesse ainda participar de um coral. Mas... aquelas tardes dos sábados eram a oportunidade que eu tinha para espairecer um pouco. Ao lado de grandes amigos, como o engenheiro Osternes (irmão do compositor Brandão), o odontólogo Ivan Meira e o veterinário Wilson Ramos.
Antes dos ensaios com o maestro Orlando Leite, éramos separados em grupos. Baixos, tenores, contraltos e sopranos, os chamados quatro naipes do coral. E cada grupo, por sua vez, recebia a orientação de um monitor, em geral um aluno do curso superior de Música. Sabendo ler partitura, o monitor era quem nos passava a nossa parte nos arranjos musicais. E nós a aprendíamos de ouvido.
As vesperais findavam com os naipes do coral reunidos sob a regência do maestro Orlando. Ficava, modéstia à parte, aquela coisa belíssima. Ouvissem, por exemplo, a canção "Eu não existo sem você", de Tom e Vinicius, em que nós, os baixos, cantávamos:: "sei, eu sei, a vida assim, que nada levará de mim". Pronunciávamos apenas as sílabas que correspondiam às notas graves do arranjo. Uma moleza, reconheço.
Era comum algum participante do coral levar um amigo para testes. Os requisitos eram poucos: boa vontade e ser universitário; não era exigido conhecimentos de teoria musical. Uma vez admitido, tinha de ser assíduo. Wilson, por exemplo, foi levado por mim. Alto e espigado, Wilson deu a impressão inicial a Elói de que viera ao mundo para ser tenor. Elói era o monitor encarregado naquele dia de fazer a avaliação. Ele teclou ao piano uma nota bem aguda, que Wilson, com a voz gravíssima, tentou reproduzir. Sendo preciso que Elói catasse no piano a nota por ele solfejada (para encontrá-la a oitavas de distância). Apesar do jeitão, Wilson era outro baixo!
Os baixos ensaiávamos numa sala do pavimento superior do Conservatório. Terezinha, nossa monitora, para pegar a afinação pelo lá, descia até o térreo onde ficavam os pianos. Não tinha o chamado ouvido absoluto, o que não era nenhum desdouro (ouvido absoluto é um dom). Agora, por que não carregava consigo o simplérrimo apito de lá, de modo a evitar tantas e incessantes incursões ao piano, isso é até hoje um mistério para mim.
Numa ocasião, tentávamos cantar as notas de uma música que já constava de nosso repertório, e nunca a tínhamos achado tão difícil. Até que um dos baixos protestou: "Nesse tom eu só sei roncar". Desconfiada de que algo estava errado, Terezinha correu à sala do piano para conferir a afinação e de onde voltou esbaforida. Pois não é que o "baixinho" tinha razão! Na subida anterior pela escada, "o lá havia descido um pouco", foi como ela se justificou para nós.

BODAS DE VINHO

No sábado (7), as famílias Gonçalves e Lucena estiveram reunidas para comemorar os 70 anos de casados de João Gonçalves Primo e Vicentina Gonçalves de Lucena. O local do evento foi a "Chácara Costa do Sol", no Eusébio, de propriedade do empresário Gaudêncio Lucena, um dos filhos do casal, e de sua esposa Márcia Macedo. A festa transcorreu de modo muito agradável. Muito queridos, João e Vicentina receberam as felicitações de seus familiares e dos numerosos amigos que foram abraçá-los.

COISAS DA ESCOLA DE ANTIGAMENTE

Márcia Gurgel divide com os leitores este slideshow:

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DE CABRITOS A ACADÊMICOS OU VICE-VERSA

por Elsie Studart
Aproveitando o mote do Audífax Rios, articulista das sextas-feiras do jornal O Povo (ver edição de 15/06/2012), apesar de não gostar dos achismos, achei interessante o seu verbo ao se pronunciar sobre a vontade que muitos têm de ingressar na academia. Primeiro, pelo próprio titulo que deu ao texto: “De Cabritos e Acadêmicos”; segundo, pela velada insinuação do uso do Clube do Bode, como corredor de entrada para a ACL; terceiro, pela alusão à bagagem dos pretensos candidatos, que pode exceder no peso, mas pecar pela falta de substância. Isso é o que dá a entender as palavras, bem arrumadas, diga-se de passagem, do artista plus, misto de pintor e escritor, oriundo lá das bandas de Santana do Acaraú.
Estou com ele quando diz que o Clube do Bode é democrático, que ali tem de tudo, desde os papos literários com “gente de cabeça”, às tomadas de “umas e outras”, uma “loira” gelada, preferencialmente, saída do Flórida Bar. Ocupar cadeiras cativas, naquele famoso reduto de inteligências vivas, pode até ser visto como privilégio de alguns, mas ter assento lá, quando bem “der na telha” é um direito de quem, apesar de não gostar da “água que passarinho não bebe”, nem assim dispensa uma tragada de uns bons goles de sabedoria, sorvidos nas mesas acanhadas, onde pontuam dos políticos aos literatos, dos megastars aos cronistas da vez.
Fico, no entanto, do lado oposto do articulista, quando ele faz um contraponto entre a facilidade de pertencer a uma Academia, começando por frequentar o Clube do Bode, e a dificuldade de um pai de chiqueiro escalar os umbrais desse templo de saber, mesmo com a carroça abarrotada de livros. Se existe pecado do lado de baixo do Equador, esse foi um, acredito eu.
Basta considerar que, por vontade da população de Fortaleza, em que pese o tom de molecagem do cearense, o “Bode Ioiô” foi eleito para a Câmara Municipal; se isso foi possível, por que não um pai de chiqueiro, se alinhar a tantos outros que já dão os seus berros na Academia? A questão é de tempo e de oportunidades. É fazer como Arquimedes: “Dê-me uma alavanca e eu moverei o mundo”. Ter assento na cadeira da ACL, pode significa fazer de uma cobra que silva, um cabrito que sabe berrar.
Quanto à carroça abarrotada de livros, julgo ser melhor do que vir esvaziada. Compositor de uma musica só, mesmo que boa, às vezes cai no esquecimento, como a “Helena, Helena, Helena”, ganha em um festival por Alberto Land, que apareceu e desapareceu, como por encanto. Se quantidade não é qualidade, aí fica com quem não teve tempo para apreciar a dita cuja carga livresca. Não dá para esquecer a fábula daquele caminhão apinhado de porcos. Só quem grunhia, era quem estava por baixo.
Com certeza, não se chama qualquer um, para fazer seu tatoo no Clube do Bode. Se isso acontecer, não é de graça ter o nome constando da ata, com registro da passagem naquele local. Bode que é bode, de verdade, gosta de chiqueiro, donde a pretensão de, vez por outra, dar uma parada no clube, para papear, ou o que seja, trocar berros com os outros frequentadores e, quem sabe, sair contaminado por fortes elucubrações mentais, sem desprezar o cheiro, que é sui generis. O Audífax Rios conhece bem o mapa da mina. Só precisa ensinar a quem menos tarimbado, ver para crer um remanescente do Ioiô soltar um rugido lá perto da Monsenhor Tabosa, que vai atravessar parte da cidade, respondendo lá nas vizinhanças da Igreja do Rosário. A Raquel de Queiroz, feita de bronze, mas sentada ali na Praça dos Leões, mesmo sem os óculos, surrupiados pela bandidagem de plantão, certamente, vai estar de olho em quem deixa a ACL e em quem entra para sentar na cadeira desocupada.
O Ceará tem disso, sim: para ser acadêmico, não precisa ser bode. Basta saber berrar, melhor dizendo, escrever. Cabrito que é bom cabrito, desde cedo sabe que quem berra não mama.
N. do E.
Alberto Land, que estudou violão com Rildo Hora, compôs a antológica "Helena, Helena, Helena". Em 1968, venceu o "Festival Universitário da TV Tupi" com esta canção, interpretada por Taiguara. Foi vítima de assassinato no Rio de Janeiro, em julho de 2002. PG

PORTAL DE MEMÓRIAS. Bibliotecas

Exemplares do "PORTAL DE MEMÓRIAS: Paulo Gurgel, um médico de letras", livro biográfico organizado por Marcelo Gurgel, já foram até o momento doados às bibliotecas das seguintes entidades públicas e privadas:
CLIQUE AQUI
Academia Cearense de Letras
Assembleia Legislativa do Estado do Ceará
Biblioteca Circulante do Ceará
Biblioteca do BNB (Passaré)
Biblioteca Estadual Adolpho Lisboa (Manaus - AM)
Biblioteca Jaime Câmara da Fundação Cultural de Palmas - TO  
Biblioteca Pública da Fundação Cultural do Pará (Belém)
Biblioteca Pública Juscelino Kubitschek de Uberlândia - Minas Gerais
Biblioteca Pública Municipal Capistrano de Abreu de Maranguape
Biblioteca Pública Municipal Patativa do Assaré de Eusábio
Biblioteca Pública Municipal de Vila Velha  - ES (Titanic)
Biblioteca Unimédicos Escritores (BLUME)
Câmara Municipal de Fortaleza
Centro Cultural do BNB em Fortaleza
Centro Cultural do BNB em Juazeiro
Centro de Educação, Arte e Cultura Portal da Serra (CEARC) - Guaiuba
Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (CREMEC)
Defensoria Pública do Ceará
Escola de Saúde Pública do Ceará
Faculdade de Medicina Christus
Faculdade Integrada do Ceará (FIC)
Hospital Geral de Fortaleza
Hospital Geral Waldemar de Alcântara
Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes
Hospital São José
Instituto do Câncer do Ceará
Instituto do Ceará - Histórico, Geográfico e Antropológico
Instituto Dr. José Frota
Museu Memorial da Liberdade - Redenção
Museu da Imagem e do Som - Secult-CE
Prefeitura Municipal de Aracoiaba
Prefeitura Municipal de Aratuba
Prefeitura Municipal de Baturité
Prefeitura Municipal de Canindé - Biblioteca Cruz Filho
Prefeitura Municipal de Capistrano
Prefeitura de Fortaleza - Biblioteca Dolor Barreira
Prefeitura Municipal de Gramado - RS
Prefeitura Municipal de Guaramiranga
Prefeitura Municipal de Horizonte
Prefeitura Municipal de Itaitinga
Prefeitura Municipal de Itapiúna (Ilha Digital)
Prefeitura Municipal de Limoeiro do Norte
Prefeitura Municipal de Macapá - Amapá
Prefeitura Municipal de Pacajus
Prefeitura Municipal de Pacatuba (Ilha Digital)
Prefeitura Municipal de Pacoti
Prefeitura Municipal de Palmácia
Prefeitura Municipal de Pindoretama
Prefeitura Municipal de Pirenópolis - Goiás
Prefeitura Municipal de Quixadá
Prefeitura Municipal de Tianguá
Sobrames - Ceará
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)
Universidade Federal do Ceará (UFC) - Biblioteca Setorial da Saúde
(última atualização: 02/07/2019)
Além disso, o livro está disponível em versão eletrônica na internet. Para acessá-lo, clique na legenda sob o ícone do livro.

OS PISTOLEIROS DE IGARÓI

"...Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais..."
(Caetano Veloso)

Você sabe onde fica a vila de Igarói? Não? Não se desespere, pouca gente sabe ou já ouviu falar desse lugar. A vila de Igarói é um pequeno e distante vilarejo cravado no sertão central do Ceará, no município de Orós. Fica longe, muito longe de Fortaleza. Pequeno vilarejo é até elogio. A vila é um amontoado de pequenas casas, uma igrejinha e alguns estabelecimentos comerciais, nada mais. São poucas ruas e não possui nenhum atrativo ou ponto turístico que explique como surgiu e se desenvolveu. Desenvolveu também é força de expressão, pois o progresso ainda passa longe de Igarói. Sua única referência e razão de existência, acredito, é a proximidade do açude de Orós, esse sim, bem mais conhecido. Também fica próxima da cidade de Orós, sede do município e da cidade de Icó. Pois é lá nessa cidadezinha perdida no meio do nada que residem os dois personagens centrais dessa história. Vivem por lá dois dos pistoleiros mais temidos e destemidos do estado do Ceará: Justino e Catolé. Olhando de relance ninguém dá nada pelos dois. São baixinhos, muito magros, quase raquíticos e de fala mansa e pausada. Roupas comuns, de chinelos a maior parte do tempo, mas sempre, sempre com os seus indefectíveis e inseparáveis chapéus. Creio que seja alguma marca registrada dos pistoleiros do nosso interior. Pistoleiro que se preze tem que andar de chapéu. Chapéu “quebrado de lado” e quase cobrindo os olhos. Além, claro, do seu fiel instrumento de trabalho, o indefectível e reluzente revolver 38 na cintura e que se sobressai na camisa.
Caminhando tranquilamente pelas vielas da vila ou bebendo uma cachaça no Bar da Loura, ninguém jamais vai imaginar que aqueles dois são frios e cruéis matadores de aluguel. Me corrijo, foram pistoleiros, não são mais. Pelo menos é o que afirmam. Não juram porque pistoleiro somente jura cumprir o acordado. Contratou o serviço, a vítima está jurada. Jura feita, serviço executado. Que Deus se encarrega da alma do infeliz. Nada pessoal, apenas e exclusivamente o relacionamento profissional. Estranho, injustificável e inadmissível para nós, ou para qualquer pessoa, digamos, normal. Mas para esses “profissionais” é o seu trabalho e meio de vida. Soa estranho ganhar a vida tirando vidas, mas é a dura e cruel realidade dessas pessoas. Sina, destino ou maldição? Ou seria falta de trabalho e de oportunidade? Ou culpa da imensa injustiça social ainda reinante no nosso sertão miserável e faminto. Não vou e não me cabe julgar. Apenas vou relatar algumas histórias e fatos, ou lendas, ocorridos com os mesmos.
Contam que certa feita um grande fazendeiro contratou o pistoleiro Justino para “dar fim” a um fazendeiro vizinho que tinha invadido suas terras. Chamou Justino, explicou como queria o serviço, acertou o preço e forneceu duas fotos do desafeto. Serviço concluído chegou Justino para receber o pagamento:
- Pronto Doutor, os homens num vão mais incomodar. Os dois agora só vão ver as terras do senhor nos olhos.
Espantado o mandante comenta:
- Como os dois? Era apenas um, aquele safado do Capenga!
Justino responde calmamente:
- Não Doutor, o senhor me deu dois retratos...
O mandante argumenta, gritando:
- Mas eram do mesmo sujeito. Só que era uma foto de frente e outra de perfil.
Justino tira o chapéu, coça a cabeça e argumenta:
- Vixe Maria! E agora? O serviço ta feito e não tem volta. Deixa pra lá Doutor, só vou cobrar por um mesmo.
Outra do Justino. Devido uma doença venérea, a velha gonorreia, ele estava com dificuldade de urinar e sentido muitas dores. Foi ao médico em Icó para uma consulta. O médico era urologista e teve a infeliz ideia de sugerir ao pistoleiro Justino fazer primeiramente um exame de próstata. Quando falou com o paciente sobre o exame o pobre médico não sabia da fama e muito menos da sua profissão. Explicação dada ao tentar se aproximar, Justino se afasta abruptamente, coça o cabo do revolver 38 com o cotovelo, o qual se destacava volumosamente sob a camisa quase levantada e fala calmamente:
- Ta pensando o que, seu doutorzinho fio de uma égua? Que eu sou baitola que nem vós micê? Se prepare para morrer!
Justino saca a arma e aponta para o apavorado doutor. O jovem médico, mais branco do que o jaleco, cai de joelhos e de mãos postas pede por tudo para ser poupado e começa a chorar. Aos prantos tenta explicar que tudo era um lamentável engano, que Justino tinha entendido errado e que a culpa era da enfermeira, a qual deu as informações erradas (a coitada nem estava sabendo do assunto). Sorte do médico que nesse dia Justino estava em paz com a vida e resolveu perdoar o “doutorzinho afeminado”. O fato é que terminou o médico dispensando a cobrança da consulta e ainda doando toda medicação para Justino. Sem falar que também mandou o motorista da ambulância levar o pistoleiro e deixá-lo na porta de sua casa lá em Igarói.
A outra história fala do pistoleiro Catolé, o mais perverso dos dois (se é que isso é possível) e a origem do seu apelido. Dizem que se nome de batismo é Epifânio Nonato, mas convenhamos isso não é nome de pistoleiro. Apenas é conhecido pelo apelido de Catolé. Contam que ele foi contratado para executar um comerciante em Jaguaribe-CE. Era uma rixa de família e o mandante parente da vítima, o qual era conhecido na cidade por sua força e valentia. Acontece que Catolé quando chegou à cidade descobriu que o seu fiel 38 estava descarregado e não tinha onde comprar as balas sem levantar suspeitas. Para fazer o serviço teve que lançar mão da velha espingarda. Uma curiosidade: no interior do Ceará se utilizar a expressão “bater catolé” quando uma arma falha por problemas com a munição. Foi o que aconteceu. Na emboscada para matar o comerciante a munição estava fria, a espingarda “bateu catolé” e a vítima reagiu. Sacou da peixeira e partiu para cima de Catolé que teve de sacar do punhal para se defender. Terminou executando o comerciante com um profundo golpe de punhal no coração. A briga lhe rendeu a apelido e também uma grande cicatriz no rosto e várias outras nos braços. Por conta dos cortes perdeu muito sangue e para completar perdeu também o dinheiro do serviço. O mandante se recusou a pagar porque o crime chamou muita atenção e também pela forma perversa como o parente foi executado. Morrer com uma punhalada de coração é muito triste e cruel, nas palavras do mandante. O serviço desastrado teve ainda desdobramento para Catolé. Não se sabe se por remorso ou por medo de ser descoberto devido à repercussão, mas o mandante contratou um outro pistoleiro para matar Catolé, o qual ainda se recuperava das feridas do “acidente de trabalho”. Foi contratado um pistoleiro da Zorra, distrito de Mombaça e local famoso pela quantidade e facilidade de contratar esse tipo de profissional. Engraçado, mas quando se contrata um pistoleiro para matar outro que por algum motivo tenha falhado ou deixado pistas no serviço se diz que o mandante contratou “um seguro”. Os infames “seguro” são considerados traidores da profissão e odiados por motivos óbvios. Não se sabe como, mas Catolé foi informado do “seguro” e descobriu a tempo que o desafeto estava na vila de Igarói no seu encalço. Era finalzinho da tarde, Catolé estava sentado na porta da sua casa com a mulher quando o pistoleiro contratado chegou para executar o serviço. Cumprimentou Catolé, se certificou que era a pessoa certa e pediu um copo d’água. Quando a mulher entrou para pegar a água o pistoleiro tentou sacar a arma, mas Catolé foi mais rápido. Sacou primeiro e descarregou o 38 no peito do desgraçado. O “seguro” ainda agonizava quando Catolé entrou em casa, pegou um facão e decepou as mãos do traidor. Faz parte do “código de honra”, traidor da profissão tem que morrer e ser enterrado sem as mãos, de forma que o cadáver do infeliz foi para a cova mutilado.
Já estive diversas vezes na vila de Igarói e tive a oportunidade de conhecer pessoalmente esses personagens, em especial o sereno Catolé. Certa feita, conversando com Catolé no Bar da Loura enquanto tomávamos umas cervejas, perguntei que fim ele tinha dado às mãos do “seguro”. Ele apenas sorriu, mostrando seu brilhante dente de ouro, balançou a cabeça negativamente e rebateu a história. Falou baixinho e sem muita firmeza:
- Isso é história desse povo, Doutor. Num teve nada disso, não.
Nesse dia ele sai do bar meio cambaleante devido às cachaças que já tinha bebido antes das cervejas. Ao se levantar, ajeita o fiel 38 sob a camisa com o cotovelo, coloca o chapéu, sai caminhando lentamente e some nas vielas de Igarói. Vai para seu casebre almoçar seu baião-de-dois com galinha caipira e depois dormir tranquilamente e sem nenhum remorso. Em paz com a família e, acredite, sem nenhum pesadelo. Coisa do meu sertão. Coisas do Ceará.
Carlos José Holanda Gurgel

MEMÓRIA - A TRAGÉDIA DE ARATANHA

Há exatos trinta anos um Boeing 727-200 da Vasp colidia com a Serra de Aratanha, em Pacatuba. Esse acidente, que aconteceu às 2h45 do dia 08/06/1982, resultou na morte de todos os passageiros (128) e tripulantes (9) do avião do voo 168. A razão do acidente foi um erro do piloto.

Como aconteceu
O Boeing 727-200 da Vasp decola do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pouco depois das 22 horas do dia 7 de junho de 1982.
Cerca de uma hora depois, o avião aterrissa no Aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro, para cumprir a única escala do vôo com destino a Fortaleza.
Ao se aproximar de Fortaleza, o Boeing 727-200 iniciou sua descida antes da devida aproximação com o Aeroporto Pinto Martins.
A 5.800 pés (cerca de 1.933 metros) soa o primeiro sinal de alerta de altitude.
A aeronave continua descendo e a 2.300 pés (cerca de 767 metros) vem o segundo aviso.
A 1.500 pés (cerca de 500 metros) o avião choca-se com a serra da Aratanha.
Num procedimento correto, a aeronave só teria chegado à altitude de 1.500 pés quando atingisse o perímetro urbano de Fortaleza, mais de 30 quilômetros depois do local do acidente.

Landry Pedrosa, de O POVO, foi o primeiro repórter a chegar ao local do sinistro para realizar a cobertura jornalística. Ás 16 horas do mesmo dia, uma edição extra de O POVO, coordenada pela jornalista Márcia Gurgel, então chefe de reportagem, já estava nas ruas de Fortaleza.

VALTER CARLOS DA SILVA (1925-2012)

Faleceu hoje, sexta-feira (01/06), em Acarape, Valter Carlos da Silva, o caçula de meus tios paternos.
Nascido em 17 de julho de 1925, Valter dedicou-se à agricultura, tendo sido por décadas o administrador do Sítio Pau Branco, de propriedade da família Carlos da Silva.
Exerceu também o mandato de vereador do município de Acarape por uma legislatura.
Sempre bem-humorado, Valter era muito benquisto em nossa família.
O sepultamento de seu corpo será amanhã, às 9 horas, no cemitério de Acarape.
Descanse em paz, tio Valter.
Ver: FALECIMENTO DE VALTER CARLOS DA SILVA, Blog do Marcelo Gurgel
02/06/2012 – Atualizando...
Antes do sepultamento do corpo, Valter recebeu as homenagens da Câmara de Vereadores de Acarape. Ele foi vereador constituinte, ocupando o cargo de vice-presidente da Câmara, de 1989 a 1993. Neste período, recém-emancipada de Redenção, Acarape teve a sua Constituição criada pelo legislativo municipal.

SÁ NETO

Era filho do ex-jogador de futebol Sá Filho. Morava em Otávio Bonfim, na rua Santo Antônio (se não me falha a memória). Com a morte do pai, ele  passou a dirigir o Flórida Bar, na Rua do Rosário, Centro, que era de propriedade do genitor.
Por ser um grande aficionado pelo circo da Fórmula 1, afixava nas paredes do estabelecimento as fotografias dos muitos autódromos em que ele já estivera. Sá Neto privava da amizade do ídolo Ayrton Senna.
Tendo adotado a motocicleta como meio de transporte, uma delas conduziu-o a um fim trágico e prematuro.
Ermínio Sá, irmão dele, assumiu a direção do Flórida Bar, o qual funciona atualmente na Rua Dom Joaquim, n.º 68.
Assim como acontecia no endereço anterior, o novo Flórida Bar continua sendo, nas tardes de sábado, o local das reuniões do Clube do Bode, uma confraria de intelectuais cearenses.
O último bar de boêmios, Audifax Rios

Marcelo Gurgel, fotografado em 12/05/12 na Livraria Ao Livro Técnico, da Dom Joaquim, nos momentos que precediam a reunião semanal do Clube do Bode, sob a observação do Prof. Pedro Henrique Saraiva Leão, presidente da Academia Cearense de Letras, à esquerda, do livreiro Sérgio Braga, de frente, e do laureado escritor e ilustrador Audífax Rios. ao fundo, à direita.

CHAMADA À FAMÍLIA GURGEL

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HOSPITAL DE MESSEJANA. Aniversário de 79 anos

O Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM) comemora amanhã (dia 24) o aniversário de 79 anos de existência da instituição.
Programação
8h - Alvorada e hasteamento das bandeiras com a participação da Banda do Corpo de Bombeiros.
8h30 - Abertura da exposição Velhas tecnologias que antecederam novos saberes.
9h - Acolhimento dos convidados com a apresentação do coral A Voz do Coração.
9h30 - Sessão solene com as entregas da Comenda Dr. Carlos Alberto Studart Gomes.
10h - Palestra: A evolução do HM no cenário de transformação das políticas públicas de saúde.
10h30 - Mesa-redonda: O papel do HM no fortalecimento do SUS.
12h - Almoço de confraternização.
15h - Plantio de 79 mudas de árvores no Bosque dos Eucaliptos.
(programação conforme consta do convite que me foi enviado)
+ informações
Site do HM
24/05/2012 - Atualizando...
A sessão solene contou com a presença das seguintes autoridades: Secretário de Saúde do Ceará Dr. Arruda Bastos, Secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde Dr. Odorico Monteiro, Deputado Estadual Dr. Carlomano Marques e Diretora Geral do HM Dra.Socorro Martins.
Foram agraciados com a comenda Dr. Carlos Alberto Studart Gomes os seguintes funcionários e ex-funcionários do HM:
- Dr. José Eldon Barros de Alencar (médico cardiologista)
- Dr. Edísio Machado Carneiro (médico cardiologista)
- Dr. Paulo Gurgel Carlos da Silva (médico pneumologista), que discursou em nome dos homenageados
- Enf.ª Dra. Sâmia Coutinho de Oliveira (diretora administrativa do HM)
- Dra. Solange Cecília Cavalcante Dantas (farmacêutica)
- Dra. Taciana Figueiredo de Carvalho (nutricionista)
- Sra. Maria Cleudes Benevides de Alencar (ex-chefe de pessoal do HM)

ACOPIARA X IGUATU

Rixas, tricas e futricas
Carlos José Holanda Gurgel
A briga vem de longe e não tem nenhum sentido. Não existe disputa político ou intriga familiar ou algum fato concreto que justifique tal rivalidade. A disputa entre cidades vizinhas é até normal e não é nenhuma novidade. O fato é que essa velha disputa entre Acopiara e Iguatu é histórica e recheada de fatos pitorescos. Sou natural de Acopiara, mas morei pouco tempo lá. Era muito pequeno, apenas com cinco anos, quando meu pai fugindo da seca de 58 e dos seus reflexos sociais e econômicos e das dificuldades para criar os filhos, veio morar em Fortaleza. A partir dessa mudança eu somente retornava para Acopiara durante as férias escolares. Como minha mãe era natural de Iguatu e até hoje tenho família e parentes por lá, também passava parte das férias escolares nessa cidade vizinha. Ficava dividido, mas invariavelmente passava as férias no interior. Iguatu ou Acopiara? Era o grande dilema. E por conta da “dupla cidadania” sofria dos dois lados. Se estivesse em Acopiara tinha que aguentar as brincadeiras e os xingamentos contra os moradores e as mazelas da cidade de Iguatu. Se ao contrário, pior ainda, pois era acopiarense nato. Não aliviavam nas brincadeiras e por vezes na humilhação dos conterrâneos e nos comentários maldosos sobre minha pequena cidade natal. Nem mesmo meus primos do Iguatu tinham qualquer compaixão. Baixavam o sarrafo, como se diz. E eu lá, sem saber para onde correr. Defendia, argumentava, justificava e de nada adiantava. Nunca levava vantagem diante da evidente desvantagem.
Em que pesem as discussões e os constrangimentos sofridos por conta dessa rivalidade, nem por isso me afastei das cidades. Ao contrário. Sonhava durante todo período letivo com as férias “nos matos”, como chamavam pejorativamente meus amigos da capital e se referindo às duas cidades. Bem, nesse caso menos mal, afinal não dava para comparar Acopiara ou Iguatu com Fortaleza. Capital é capital, e não se discute. Mas na minha visão, prioridade e vontade nem passava perto a idéia de ficar em Fortaleza durante as férias. Fazendo o que dentro de casa? O bom mesmo era no interior, lá nas brenhas, como se falava. E era esse o entendimento dos meus primos e demais estudantes que tiveram a mesma sina de ter que morar e estudar na capital. O sonho da liberdade total e sem qualquer compromisso com horários. Festas e mais festas, pescarias, caçadas, bebedeiras e tudo que é diversão. Jogar bola, sinuca, baralho e até pedra no telhado do vizinho. Tudo valia para passar o tempo. Até dormir de dia para virar a noite nas farras. E tudo isso durante quatro meses. É muito? Que nada. Era isso mesmo e eu ainda achava pouco. Naquela época, acreditem, as aulas transcorriam em períodos bem definidos assim como as sagradas férias. As férias eram gozadas em dois períodos: no meio do ano, no mês de julho e no final do ano, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Isso para quem passava por média. Para quem ficava em recuperação vinha o castigo. Perdia o mês de dezembro com aulas de reforço e provas. Um martírio para quem aguardava ansiosamente a viagem para o “paraíso” depois de quatro torturantes e intermináveis meses de aulas.
Mas retomando as históricas disputas, relembro algumas das infames brincadeiras e insultos trocados entre os moradores das cidades. Por conta da sua acidentada geografia, a maioria das ruas em Acopiara possui acentuadas subidas e descidas, as chamadas ladeiras. A turma do Iguatu aperreava dizendo que para se tomar sopa em Acopiara era necessário calçar o prato com um tijolo senão a sopa entornava. Pronto, tava feita a confusão. A turma de Acopiara devolvia dizendo que em Iguatu tinha uma vantagem, não precisava esquentar a sopa para servir. Bastava colocar a sopa na janela que ela fervia, em alusão ao calor infernal reinante na cidade. As discussões chegavam ao ridículo de comparações tipo qual era a cidade em que mais se bebia, em qual mais se brigava, qual tinha o pistoleiro mais valente e cruel, entre outras inutilidades. Isso sem falar nas tradicionais disputas de futebol, qual o melhor carnaval, onde as mulheres eram mais bonitas, onde residiam os comerciantes mais ricos e outros temas inusitados. Até uma disputa para saber qual das duas cidades tinha o homem mais feio ocorreu. Nessa briga Iguatu ganhou disparado com o incrivelmente feio e malfeito “Chico Beiçola”. Se bem que Acopiara apresentou um forte concorrente, o “Galba Zoião”. Pense num macho feio!
Do ponto de vista econômico, a briga era desigual. Iguatu sempre foi uma cidade bem maior, mais do dobro do tamanho, com varias indústrias e intenso comércio, agricultura de porte e pecuária desenvolvida. Mas a cidade tinha seus pontos fracos. Curiosamente e inexplicavelmente perambulava pelas ruas de Iguatu um grande contingente de malucos maltrapilhos. Chamava atenção nas décadas de 60/70 a incrível quantidade de doido na cidade. Que eu me recordo: Chico Siebra, Maria Doida, Neném Teixeira (lançou a moda da minissaia no sertão), Baú, Calorzinho, Zeca Peidão, Maria Leão, Turica, entre outros menos conhecidos. E nisso a turma de Acopiara não aliviava. Bastava chegar alguém de Iguatu que vinha logo a gozação: ih, chegou mais um doido do Iguatu! E tome bate-boca e xingamentos mútuos. E não raro os ânimos se exaltavam e os rivais saíam no braço.
Também me recordo das famosas brigas sobre a existência ou não de homossexuais nas cidades. Naquela época a homofobia era tolerada e não existia a onda do politicamente correto e muito menos se falava em direito de minorias. Nenhuma cidade do interior aceitava livremente as opções sexuais não convencionais e os homossexuais eram xingados e perseguidos. O simples fato de um homem usar cabelo comprido já era motivo de piadas e provocações. Imagine então se vestir de mulher e pintar as unhas. Pois não é que apareceu uma “bicha”, dessas bem escandalosas, lá em Iguatu. A dita cuja tinha o interior do estado todo para escolher, mas optou por morar justamente em Iguatu. Foi um prato cheio para a turma de Acopiara. Não faltavam piadas quanto a masculinidade dos homens do Iguatu e, para completar, um belo dia a “boneca” teve a coragem de ir passear em Acopiara. A cidade quase foi abaixo. A figura exótica, que atendia pelo codinome de “Sol” (abreviatura de Solange), simplesmente arrasou. Talvez por vingança, por conta das humilhações sofridas, abriu a agenda e o coração. Contou tudo e ainda por cima “entregou” uma meia dúzia de ilustres moradores iguatuenses que se diziam muito macho. A galera de Acopiara foi ao delírio. Essa história ficou atravessada na garganta dos machos iguatuenses e até hoje rende gozações. Foram inúmeras as brigas, ameaças e juras de vingança. Dizem que teve até morte por conta desse fato. Coisas de interior. Coisas do meu Ceará.

ÉRICO NO BNB

No dia 7 do corrente, Érico de Macedo Gurgel assumiu o cargo de Especialista Técnico - Engenheiro Mecânico do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Aprovado e bem classificado em concurso público de âmbito federal, sua convocação para o referido cargo, a ser exercido no Polo de Fortaleza do BNB, era aguardada por todos nós.
Graduado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2008, Érico trabalhou nos últimos três anos como engenheiro mecânico da Ford, filial de Horizonte (Troller), onde adquiriu  uma boa experiência profissional, certamente a ser aplicada em seu novo cargo.
Atualmente, Érico é também aluno do curso de MBA em Gestão de Projetos da Faculdade Christus.
Desejamos-lhe o mais amplo sucesso.

MEDICINA MEU HUMOR! Apresentação do livro pelo autor

Arranjo artístico na Unicred feito com exemplares 
do livro de Marcelo. Ana Margarida fotografou (*)
Ao longo da minha existência, recolhi mais de seiscentos causos, muitos dos quais participei, como testemunha ocular, servindo-me deles, algumas vezes, para contá-los, em certos momentos de lazer, como uma forma de entretenimento social, ou de atividades laborais, para puro relaxamento da audiência, quebrando a aridez das minhas exposições técnicas.
Nos últimos três anos, com o intuito de preservar as narrativas, passei a transpô-las para o papel, como croniquetas, com vistas a reuni-las em publicações específicas de causos. Assim, das cerca de 150 já descritas, selecionei sessenta e três, que foram dispostas no livro: “Contando causos: de médicos e de mestres”, cujo lançamento se deu em março de 2011, focalizando histórias engraçadas de dez médicos, que foram meus professores da Faculdade de Medicina da UFC. Esse livro obteve uma larga aceitação dos costumeiros leitores e de outros considerados potenciais, sendo o mesmo objeto da aquisição de instituições de saúde, para distribuição entre os seus médicos afiliados.
Como a obra referida tinha, também, o velado propósito de homenagear meus queridos mestres, foram evitados os relatos envolvendo situações mais constrangedoras; cuidou-se, igualmente, de zelar pela produção das narrativas, buscando obter, previamente, a anuência do perfilado ou de seus herdeiros.
Agora, vêm a público, sob o título “Medicina, Meu Humor!”, mais sessenta novos causos, hilários e mais picantes que os anteriores editados, sobre os quais conta-se aqui o “milagre, sem revelar o santo”. Algumas das estórias receberam uma roupagem literária, fruto de licenciosidade do autor, embora com muito cuidado para não adulterar o fato, deixando-o tal e qual transcorreu.
O título em epígrafe espelhou-se na obra símile, “Medicina, meu Amor!”, do médico e escritor Prof. José Murilo Martins, intelectual que presidiu a mais antiga academia literária em atividade, no Brasil, no caso, a Academia Cearense de Letras, o qual, não por acaso, escreveu o prefácio deste livro.
O Ceará é celeiro de humoristas, bons ou maus, para todos os gostos, daí o trade turístico alardear, aos quatro ventos, estar aqui a “Terra do Humor”, um território livre, onde impera a chacota, o chiste, o riso, mesmo a despeito de tantas mazelas que assolam o torrão cearense.
► Como a “Terra da Luz” é, também, a “terra das academias”, que pululam até em pequenos municípios, o Ceará chega a ser um reduto de pessoas que cultivam as letras, incluindo aquelas que escrevem sobre humor e/ou põem humor nos seus escritos (e.g. Juarez Leitão, Ruy Lima, Pedro Salgueiro). Incrustado na Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Ceará, há um naipe de alto quilate, que publica “causos”, sobretudo “causos médicos”, cabendo mencionar os associados Dalgimar Beserra de Menezes, Geraldo Beserra, José Maria Chaves, José Murilo Martins, Luiz Moura, Paulo Ferreira e Paulo Gurgel.
Enfim, a “Terra do Sol” é um território aberto, iluminado por mentes que pensam, que riem e que até fazem chorar, caindo os escritos deste livro no gosto do leitor mais exigente.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
(*) A médica e historiadora Ana Margarida Arruda cobriu a noite de autógrafos de "MEDICINA MEU HUMOR!" para o blog MEMÓRIAS.

MEDICINA MEU HUMOR! LANÇAMENTO DE LIVRO

CONVITE
A Unicred Fortaleza, a Unimed Fortaleza e a Academia Cearense de Medicina (ACM) convidam para a noite de autógrafos de "Medicina, meu humor! Contando causos médicos", livro do médico e economista Marcelo Gurgel, cuja renda será revertida para as ações culturais da ACM.
O livro e o autor serão apresentados pelo prof. Dr. José Murilo Martins, membro titular da Academia Cearense de Medicina, durante a Célula de Arte e Cultura realizada pela Unicred Fortaleza.
Serviço
Local: Agência Sede da Unicred
Avenida Dom Luís, 300 - Loja 166. Fone: (85) 4012-1125
Data e horário: 27 de abril de 2012 (sexta-feira), às 20 horas

CASA DO CEARÁ EM BRASÍLIA

Fundação ► 15/10/1963
Localização ► SGAN Quadra 910 Conjunto F Asa Norte, 70.790-100 Brasília, Brasil
Informações gerais ► A Casa do Ceará em Brasília é uma Entidade reconhecida como de Utilidade Pública pelos Governos Federal, do Distrito Federal e do Estado do Ceará.
Histórico ► A Casa do Ceará praticamente nasceu com Brasília. É possível que as saudades da terra distante, a ausência da paisagem nordestina e o desejo de um aconchego humano tenha levado o espírito de Crysantho Moreira da Rocha a convocar alguns de seus inúmeros amigos para a tarefa de fundar uma instituição que irmanasse os cearenses que se encontravam em Brasília por diversos motivos. Assim nasceu a CASA DO CEARÁ, a princípio modesta, pequena mesmo, como em geral são as grandes coisas em seu nascedouro.
Missão ► A Casa do Ceará é uma entidade de assistência social que presta serviços e ações gratuitos, continuados e planejados, sem qualquer discriminação e sem exigência de contrapartida do usuário.
Sua principal função social é a Pousada Chrisantho Moreira da Rocha para idosos.
Para obter sua certificação, a Casa do Ceará
I - está inscrita no Conselho de Assistência Social do Distrito Federal.
II - integra o cadastro nacional de entidades e organizações de assistência e promoção social.
A Casa do Ceará além de desenvolver inúmeras atividades assistenciais, como distribuição de cestas básicas, vale-transporte, óculos e roupas, oferece assistência médica e odontológica, subsidiada, bem como cursos de capacitação profissional e de línguas para a comunidade do Distrito Federal e do Entorno.
Telefone ► 6135333800
Website ►http://www.casadoceara.org.br/
Estas informações sobre a Casa do Ceará em Brasília foram extraídas da página da entidade no Facebook. Estão sendo aqui divulgadas por sugestão de nosso colaborador Fernando Gurgel Filho.

COBRANÇA ILUSTRE

Ao rever Paulo Gurgel, no lançamento do 65° livro de Marcelo Gurgel, seu irmão, ambos médicos escritores, fiquei muito feliz por uma cobrança singular.
Paulo reclamou por estar o nosso blog com postagens "atrasadas".
É importante para quem tem um blog saber de pessoas que visitam a página e que sentem falta quando demoramos. E quando vem de pessoas como Paulo Gurgel, detentor de cinco blogs bastante concorridos, me pergunto como ainda tem tempo de ler as páginas dos amigos.
Marcelo, comemorando seus 59 anos lança seu "Refazendo o Caminho: passado e presente de uma família", sendo mais de um para cada ano de vida.
Sentimo-nos envaidecidos pelo convite por estarmos incluídos no rol de tantos convidados ilustres que abrilhantaram o evento.
Como é de seu feitio, ele não recebeu presentes por seu aniversário. Ao contrário, solicitou de cada convidado, cestas básicas ou roupa de cama e banho para as obras assistenciais da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, que gentilmente cedeu espaço no salão paroquial para o lançamento de mais um livro.
Ao Marcelo, os nossos parabéns, e ao Paulo, nos redimindo, eis mais uma postagem.

LUBNOR. SEIS MIL DIAS SEM ACIDENTES

Olha eu aí na foto:


Germano Gurgel, engenheiro químico da LUBNOR 
Refinaria de Petróleo da Petrobrás - Fortaleza/CE

O CASO DO NAVIO ENCALHADO

Em seu blog Genealogia e História, Ormuz Simonetti relata como um problema aparentemente complexo pôde ter uma solução simples, após ouvir o conselho de um experiente pescador:
Xilo de Francorli
Certa vez, um grande navio encalhou próximo à Praia da Redinha, quando tentava manobra naquelas águas. Por várias semanas, rebocadores tentaram desencalhá-lo, porém, sem sucesso. Técnicos vindos da Alemanha, contratados pela empresa proprietária do navio, também estiveram no local e, entretanto, não conseguiram desencalhar a nave, que permanecia abatida, presa nas traiçoeiras areias submersas da Praia da Redinha. Na beira mar, um velho pescador, sentado em um tronco de coqueiro, observava toda aquela movimentação. Pitando um cigarro de fumo de rolo, consertava sua rede de pesca. Suas mãos enrugadas trabalhavam com impressionante agilidade, enquanto seus olhos permaneciam fixos na embarcação encalhada. Em dado momento, comentou com um companheiro: “sei como desencalhar aquele navio”. A notícia chegou aos ouvidos do comandante da operação que, apesar de incrédulo, mandou chamar o “velho lobo do mar” para ouvir suas explicações. Este, numa simplicidade quase ingênua, disse: “Doutor, comece a esvaziar os tanques lastros – compartimentos especiais dos navios que se enchem de água para lastrear a embarcação quando sua carga é muito leve –, que. quando a maré tiver na preamar, os rebocadores conseguem puxar o navio”. Na madrugada daquele mesmo dia, o navio foi desencalhado sem maiores problemas.

FERNANDOS

Dr. Paulo,
Recebi o livro do Dr. Marcelo ("Refazendo o caminho..."), pelo qual agradeço de coração.
Ao ler o livro, descobri na página 123 que os irmãos e irmãs Gurgel Carlos, todos estudaram no Liceu do Ceará.
Como ainda tenho meu convite de formatura do Curso Científico - como se chamava o 2º Grau - descobri que a Márcia Gurgel Carlos da Silva se formou no mesmo ano que eu.
Veja nossos nomes na imagem que anexei.
Grande abraço,
Fernando Gurgel (de Brasília)
N. do E.
Fernando e Márcia constam da relação, li e dou fé. E parece que os Fernandos têm sido frequentes na vida de Márcia Gurgel. Senão, vejamos: o esposo, o sogro (que já faleceu), o genro e você - que foi contemporâneo dela no Liceu do Ceará.
Corrigindo-o: estudaram neste colégio Paulo, Marta, Márcia, Marcelo, Sérgio e Meuris (6 de 11 irmãos).

ZÉ PINTO - 2

"Não se pode aceitar que ele tenha falecido, de fato, em 2004, em Fortaleza, porque até hoje, quando se vê o Dom Quixote feito por ele, fica-se a imaginar, que o grande Zé Pinto continue pedalando sua bicicleta, em busca de moinhos de vento, para verificar, talvez, se há alguma sucata de aço e de sonho sobrando, que ele possa transformar em arte." Marcelo Gurgel
Imagem; Blog do Eliomar
Zé Pinto era o nome artístico do escultor cearense Francisco Magalhães Barbosa (1925-2004). Até 1996, ano em que parou de transformar sucata em arte, ele criou um grande número de esculturas. Muitas delas ainda estão expostas em museus e prédios no Brasil e no exterior.
Tinha o seu ateliê nas proximidades do antigo CPOR, na Avenida Bezerra de Menezes. Num trecho do canteiro central desta avenida, defronte ao ateliê, ficava o "Pintódromo", onde ele exibia suas peças de grande porte.
As peças menores ficavam em exposição em seu ateliê-restaurante. Onde se podia tomar uma cerveja gelada, saborear um tira-gosto regional e atualizar-se sobre o "zepintismo".
O "zepintismo" era o costume que ele tinha de explorar os trocadilhos para criar frases espirituosas. Como estas que se tornaram populares no Ceará:
O humilde não tem hum mil de jeito nenhum.
O martelo prega religião?
Quem tem pouca fé não bebe café.
A mulher quando pede biscoito ela está querendo de novo?
Quem anda na linha o trem pega?
Pegar devia ser com os pés e não com as mãos.
A agulha falou para a linha: ô coisa comprida!     
PGCS
Referências
Revista ARSENAL de Literatura, novembro de 1980
Oboé - Dicionário de Artes Plásticas do Ceará
Wikipédia
ZÉ PINTO, Blog "Linha do Tempo"
O ZÉ PINTO DA SUCATA, "Blog do Marcelo Gurgel" (sendo esta referência, a partir de agora, a fonte de informação mais completa a respeito do artista)

LANÇAMENTO DE "REFAZENDO O CAMINHO"

Ontem, dia 13 /03, às 19h30, no Centro de Formação Pastoral Santa Clara da Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Otávio Bonfim, aconteceu a noite de autógrafos do 65º livro do Dr. Marcelo Gurgel.
A mesa que presidiu o evento foi formada por: pároco Frei Jurandir Caetano, Prof. Dr. Epifânio Menezes, Prof. Dr. Marcelo Gurgel e Dr. Paulo Gurgel, o cerimonialista da solenidade.
O autor e seu livro "Refazendo o caminho: passado e presente de uma família" foram apresentados por Epifânio Menezes de Oliveira, professor da UECE e presidente da Academia Cearense de Medicina Veterinária. Em seguida, houve uma exibição do coral da Paróquia Nossa Senhora das Dores, sob a regência do Prof . Elói. No final, Marcelo Gurgel fez o seu discurso de agradecimento e um coquetel foi servido aos convidados.
Para mais informações sobre a festa de lançamento do livro, sugiro acessar o blog Memórias, da médica e historiadora Ana Margarida Arruda, onde inclusive se encontra uma cobertura fotográfica do evento.
Em tempo
MENSAGEM AO PAULO, MEU PRIMEIRO FILHO, um dos textos do livro "Refazendo o caminho...", de Marcelo Gurgel, com a sua republicação retorna à situação de primeira postagem deste blog (09/10/2007).

ESCRITOR MARCELO GURGEL REÚNE AMIGOS E ADMIRADORES EM NOITE DE AUTÓGRAFOS

Médico e escritor Marcelo Gurgel lança “Refazendo o caminho” que fala de sua trajetória vivida no Bairro Otávio Bonfim
Para lançar o seu 65º livro “Refazendo o Caminho: passado e presente de uma família”, nesta terça-feira (13/03), data também em que completa 59 anos de idade, o médico, professor, pesquisador, escritor Marcelo Gurgel Carlos da Silva escolheu um local que lhe traz recordações lá da infância: o Centro de Formação Pastoral Santa Clara, da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, antiga sede do Cine Familiar, no Bairro Otávio Bonfim. Na noite de autógrafos, marcada para as 19h30, professor Marcelo vai comemorar o passado e o presente num grande encontro com os que o viram crescer, sempre assoberbado de livros, e galgar os diferentes degraus do conhecimento, desde a escola básica até a Faculdade de Medicina da UFC e funções importantes que vem ocupando ao longo da vida. Para os que fizeram parte dessa trajetória, bem como a comunidade acadêmica, amigos e os amantes da literatura, o escritor Marcelo Gugel está convidando para o lançamento do seu livro.
Ao falar sobre a escolha do local para a noite de autógrafo, Marcelo Gurgel disse se tratar de um espaço que preserva uma atmosfera de saudade, permeado pelas mais caras recordações. O autor e sua obra serão apresentados por Epifânio Menezes de Oliveira, médico veterinário e professor universitário, membro da Guarda de Honra paroquiana, da época do Frei Lauro, um indicativo da ratificação da afeição familiar ao bairro que abrigou tantas pessoas dignas e honestas. Segundo Marcelo Gurgel, os exemplares não estarão à venda, porém, acolhe-se a doação de cestas básicas e produtos de cama e mesa para distribuição aos carentes, assistidos pelas Pastorais da Criança e do Idoso, que executam, no Bairro do Otávio Bonfim, um trabalho social da maior importância.
Sobre o Livro
Ao falar sobre o livro, a paroquiana de Nossa Senhora das Dores, Elsie Studart, disse que “A leitura deste livro se faz tanto mais interessante, quanto mais vai sendo aprofundada, aguçando a curiosidade do leitor pelo desdobramento de onze vidas que experimentaram o lado ruim da história, com as dificuldades naturais de uma prole alentada, mas que souberam o que era o “lado bom da coisa”, na medida em que tiraram proveito de tudo o que estava ao seu alcance – educação, principalmente, atingir um patamar grandioso de realização pessoal e profissional.
“Refazendo o caminho” para Elsie Studart, significa, pois, uma volta às origens – o passado, mas já com o delineamento do roteiro da caminhada, cumprido no presente, pondo em destaque até os frutos vingados na nova geração, todos trazendo estampada no peito a marca que caracteriza o grupo familiar: “caminhar em direção ao sonho, mas sem tirar os pés do chão”.
Fonte / Informação
www.uece.br/uece/index.php/lista-de-noticias/2134

ARROZ, FEIJÃO, BUGIGANGAS E SEXO

Carlos José Holanda Gurgel
O velho e abandonado, mas ainda belo centro da nossa capital está totalmente decadente. Não é nenhuma novidade e não temos como negar essa triste constatação. O problema não é somente de Fortaleza. É geral e aflige sem distinção as capitais e a maioria das grandes cidades brasileiras. As regiões centrais, com raríssimas exceções, tornaram-se ao longo das ultimas décadas em antros de marginais e de prostituição. Sem falar na violência, no tráfico e no assustador e crescente consumo de drogas. O comércio, antes rico e variado, tornou-se uma grande feira livre de produtos piratas, importados de baixa qualidade e até mesmo de mercadorias roubadas. Uma legião de camelôs e todo tipo de trabalhadores informais, com suas bancas e seus produtos espalhados nas calçadas, atrapalha o trânsito dos pedestres e infernizam a vida dos poucos comerciantes que ainda sobrevivem na legalidade. Além da concorrência desleal e ilegal deixam para trás montanhas de lixo espalhados nas ruas e calçadas. Mau cheiro, bueiros entupidos, barulho insuportável, furtos frequentes fazem o dia-a-dia dos que são obrigados a circular ou trabalhar no centro. Isso tudo durante o dia. Com a noite a situação piora ainda mais. A insegurança é total e os marginais tomam conta do local, juntos com mendigos, moradores de rua, prostitutas, travestis e todo tipo de excluídos sociais. Uma realidade chocante, de difícil e complexa solução ou mitigação e para a qual os poderes públicos muito pouco ou nada têm feito. A antiga e numerosa clientela assustada pela insegurança se refugiou nos amplos, confortáveis e seguros Shopping Centers. Estes, por sua vez e na grande maioria, instalados em bairros classe média-alta e distantes do velho centro. Em consequência a maioria das lojas fechou e vários prédios foram abandonados ou transformados em estacionamentos ilegais e improvisados. Andar pelas ruas do centro é deprimente. Fazer compras, somente em último caso e se não existir outra opção.
Aparentemente indiferente e em meio a esse quadro de decadência e de graves problemas sociais sobrevive uma forte atividade comercial. Falo do grande comércio de alimentos praticado pelos tradicionais atacadistas da Rua Governador Sampaio. Indiferentes, mas não tanto. Também sofrem com os problemas que atormentam toda região central. Mas permanecem firmes nos seus pontos comerciais por décadas. Vários deles já na terceira geração dos seus fundadores. Um comércio que se iniciou nos primeiros anos do século passado e se fortaleceu após a década de 40, com o fim da 2ª Guerra Mundial. Eram os conhecidos armazéns de secos e molhados e grande parte fundados por emigrantes árabes e sírio-libaneses e alguns portugueses. Os principais focos desse comércio eram os cereais e alimentos em geral, com destaque para o arroz, feijão, açúcar, farinha, alho, óleo e mantimentos diversos. A região da Governador Sampaio e ruas adjacentes, tornou-se o denominado “estômago” da capital. Quase toda alimentação básica da maioria da população da nossa cidade era por lá estocada e comercializada. Os atacados cresceram, as lojas se multiplicaram e diversificaram seus portfólios. Junto com o desenvolvimento do comércio central surgiram dos atacadistas de perfumaria, material escolar, utensílios plásticos e bugigangas incontáveis. O antigo Mercado Central de Fortaleza também se instalou na região e cresceu junto com os atacados. Tornou-se um grande centro de comércio de artesanatos e comidas regionais e ponto turístico famoso da nossa capital. Visita obrigatória de turistas vindos de todos os cantos do país na busca por artesanatos, roupas, rendas e belíssimos bordados vendidos por preços incrivelmente baixos. Os turistas ficavam extasiados com as camisas e toalhas confeccionadas e bordadas à mão, verdadeiras obras-de-arte, comercializadas a preços irrisórios. Porém não faz muito tempo o velho Mercado foi demolido e reconstruído em outro local mais à frente. Encontra-se atualmente instalado num grande e confortável imóvel, mas sem o charme e originalidade da antiga construção.
Sobrevivem no local apenas os velhos e teimosos atacadistas. Somente uns poucos cresceram e tornaram-se grandes distribuidores e juntamente com outros comerciantes bem sucedidos mudaram-se para locais mais estratégicos e de melhor acesso (como a BR-116 na entrada da cidade). Os que lá permaneceram, além de sofrer as agruras e decadência do velho centro, passaram a sofrer a concorrência do varejo e das grandes redes de supermercados. Mesmo com tudo contra, vários atacadistas da Governador Sampaio ainda sobrevivem a essa moderna e ágil forma de comércio e ao poderio econômico dos grandes grupos com suas confortáveis e amplas lojas, espalhadas em quase todos os bairros.
Curiosamente e sem explicações proliferou na região o comércio de bebidas e, como esperado, vieram juntos a malandragem e a prostituição. Bares e cabarés passaram a compor uma estranha vizinhança, em meio aos armazéns e lojas de atacados. E tudo isso ali juntinho da nossa imponente Catedral e da Praça da Sé. Na Rua Conde D’eu, que juntamente com a Gov. Sampaio concentravam os grandes atacadistas, se estabeleceram alguns dos mais famosos cabarés do centro da cidade. Real Drinks, Night and Day, 80, Dione, eram alguns dos bordéis que compunham a paisagem e faziam a estranha convivência dos comércios de alimentos e do sexo. Entre os bordéis se destacava o denominado “80”. O nome “Oitenta” como o local ficou conhecido era uma alusão ao número do imóvel e tornou-se ponto de encontro da boemia e de algumas figuras conhecidas da sociedade nas décadas de 60-70. O imóvel chamava atenção pela porta de entrada, duas bandeirolas que se abriam para os lados, como as famosas entradas dos saloons dos filmes de cowboy e também era conhecido pela beleza das “meninas”. Era um cabaré de luxo e nos seus amplos salões circulavam desde os tradicionais boêmios e políticos conhecidos até maridos dedicados em “escapadas” eventuais. Mas assim como o comércio atacadista nem os cabarés resistiram ao progresso e a evolução dos costumes. O sexo no atacado dos bordéis sucumbiu ao sexo no varejo dos motéis. A grande maioria dos bares também fechou as portas. Atualmente o “comércio do sexo” está restrito a uns poucos motéis, ou melhor, aos pequenos e decadentes hotéis e pensões da região central. Lugares imundos e fonte de proliferação de DST e AIDS, além de servirem como pontos de venda de drogas e refúgio de marginais.
Recordo-me do tempo em que o melhor passeio das famílias, em especial na época do Natal, era “olhar as vitrines” das famosas lojas do centro. Sair passeando pelas calçadas da Rua do Ouvidor (como era conhecida a Guilherme Rocha), indo da Praça José de Alencar até a Praça do Ferreira. Sem susto e sem medo e sem o assédio agressivo dos inúmeros camelôs. As grandes e luxuosas lojas como a Casa Parente, Caso Bicho, Milano, Ocapana, Romcy, Lobrás, entre outras, faliram ou encerram suas atividades. Surgiram inúmeras outras, é verdade, mas sem o charme e o brilho das antigas e tradicionais casas comerciais. Hoje, na grande maioria são lojas quase anônimas, sem nenhuma tradição e com nomes estranhos e sem significado. Mercadorias sem qualidade, produtos falsificados, vendedores despreparados e o péssimo atendimento nas lojas contribuem para afastar os eventuais clientes. Uma realidade que em nada lembra os áureos tempos em que fazer compras no centro era um evento festivo e um passeio ansiosamente aguardado pelas crianças. As drogas, a prostituição homossexual, os roubos e assaltos e a violência generalizada fazem do velho centro um lugar de alto risco e no qual a população cada vez mais evita circular. Uma triste realidade.